O presidente do Conselho Deliberativo do
Flamengo, Delair Dumbrosck, nomeou a comissão de
inquérito para apurar possíveis irregularidades
no contrato celebrado entre o clube e a empresa By Appointment,
além de checar as denúncias de grampos em
telefones corporativos e privados de funcionários
e conselheiros.
O caso passou a ser tratado com características
de espionagem nos bastidores depois das acusações
da oposição. O mesmo foi apelidado de "Urubugate".
A comissão de inquérito é presidida
por Gilberto Cardoso Filho e conta com o desembargador
Siro Darlan, Tellius Memória, Izamilton Góes
e Antônio Ricardo Binato.
O grupo analisa os documentos com os conteúdos
das denúncias e têm 60 dias para entregar
o parecer ao presidente do Conselho Deliberativo. Em caso
de comprovação dos pontos questionados,
Delair Dumbrosck convocará sessão especial
para votar possíveis punições aos
responsáveis.
"É importante destacar que a
comissão de inquérito não está
aí para penalizar ninguém. Eles vão
verificar se o estatuto do Flamengo foi agredido. Vamos
apurar a procedência das denúncias. Achamos
que alguns pontos do contrato fogem ao processo normal
do clube, mas isso quem vai dizer é o presidente
da comissão. Se houver constatação
das acusações, estabeleceremos punições
através de votação", explicou
Dumbrosck.
Oposição vai à
Polícia em janeiro
Enquanto a comissão de inquérito
apura as denúncias, a oposição do
Flamengo promete prestar queixa à polícia
nos primeiros dias de janeiro. Os conselheiros Marcelo
Vargas e Gonçalo Veronese lideram a corrente que
protocolou o pedido de investigação no Conselho
Deliberativo e planejam que o mesmo ocorra na delegacia
escolhida.
Entenda o caso
A suspeita de espionagem tem origem em abril
de 2013, quando o Rubro-negro assinou contrato por seis
meses com a empresa By Appointment para a prestação
de serviços de assessoria em gestão de qualidade
e aluguel de equipamentos pelo valor de R$ 21.250,00 mensais,
o que totalizou pouco mais de R$ 127 mil gastos de abril
a outubro do ano em questão. No entanto, o trabalho
da empresa virou alvo de questionamentos nos bastidores.
Funcionários do clube procuraram
conselheiros e acusaram a administração
de grampear celulares e fixos da sede. Alguns revelaram
que deixaram de falar ao telefone com medo de represálias.
Um dos sócios da By Appointment,
Arthur Alexandre trabalhou na Gávea. Ele fez o
serviço de segurança física e foi
visto realizando escutas no estacionamento do clube, segundo
relatos de funcionários aos conselheiros. Outro
sócio da empresa, Alexandre Neto, delegado aposentado,
foi investigado pela suspeita de ter grampeado, em 2001,
o escritório do seu ex-sócio, Octávio
Gomes, então presidente da OAB-RJ.
Neto prestou depoimento na CPI dos grampos
em 2008 e um ano antes foi vítima de um atentado.
Ele promoveu o dossiê contra o grupo do ex-chefe
da polícia Álvaro Lins.
O Flamengo diz acreditar que a oposição
não provará qualquer denúncia. O
Rubro-negro nega os grampos telefônicos e admite
apenas que a By Appointment foi contratada para realizar
avaliações da rede, verificação
de possíveis escutas em salas de reuniões
e de hackers no sistema. O contrato foi encerrado há
pouco mais de um ano.