Assim como em 2009, Flamengo e Grêmio
se enfrentam, amanhã, no encerramento do Brasileiro.
Mas as semelhanças param aí. Ao contrário
de há exatos cinco anos, desta vez o duelo não
vale nada. O embalo na reta final, as vitórias
sobre os concorrentes diretos e, finalmente, o grito de
hexacampeão viraram história. Que não
parou ali. Continuou e teve final feliz para alguns —
e nem tanto para outros.
O caso de Bruno, preso por envolvimento
na morte de Eliza Samúdio seis meses depois, é
o mais emblemático. Mas não o único.
Enquanto o goleiro ganhava as páginas policiais,
o zagueiro Álvaro interrompia a carreira para tratar
do alcoolismo. Isso sem contar Adriano, que teve no título
seu último momento de brilho.
— Naquele ano os problemas ainda não
eram grandes. Estava tudo controlado. Não se compara
com o ano seguinte — conta o ex-meia Petkovic, que
entrou no time desacreditado e terminou como maestro da
equipe.
A fala de Pet ganha coro entre outros integrantes
do grupo. Para Marcos Braz, homem forte do futebol, os
problemas de Adriano (atrasos e faltas) criaram uma visão
errada sobre o time.
— O Flamengo treinava. E muito. Havia
uma complacência em relação ao Adriano,
mas o elenco sempre foi bem treinado e concentrado. O
time cansou de se concentrar dois dias antes dos jogos.
A final sobre os gaúchos consagrou
Ronaldo Angelim (autor do gol do título) e marcou
a carreira de todos do elenco, dos mais velhos, como Pet;
aos então novatos, como Everton, hoje um dos destaques
do Flamengo.
— Foi um divisor de águas.
Ainda jovem consegui conquistar um título brasileiro
ao lado de craques como Pet e Adriano. Cresci muito profissionalmente
— conta o meia, que, ao lado de Leo Moura, representa
a geração do hexa no time atual.
Mas o jogo mais importante ocorreu quatro
rodadas antes. Foi após vencer o Atlético-MG,
em pleno Mineirão, que os rubro-negros tiveram
certeza de que podiam ser campeões. O mesmo Galo
que, este ano, aplicou duas goleadas e virou carrasco.
Sinal dos tempos, que só faz a saudade do hexa
aumentar.
— Vencemos o Atlético no momento
em que ele podia ser líder. Isso trouxe muito confiança.
A gente viu que estava no páreo — lembrou
o técnico Andrade, hoje sem clube.
— Eu falava pros meus amigos: “Nós
vamos ser campeões”. Tanto que aconteceu
de o Maldonado se machucar e o meu preparador veio perguntar
“E agora? O que a gente faz?”. Eu falei pra
ele ficar tranquilo que nós íamos ser campeões
com o Toró mesmo.