No dia 15 de outubro, Alecsandro subiu
para cabecear uma bola e acertou o zagueiro Cleber, do
América-RN. Saiu de campo com fratura no rosto,
direto para um hospital próximo ao Maracanã.
Colocou duas placas, uma tela e 22 parafusos, que vão
acompanhá-lo por toda a vida. Cinquenta e dois
depois, ele já trabalha com os companheiros, até
arrisca cabeçadas e demonstra confiança
no que pode fazer no futuro.
Depois de temer até mesmo pela sua
carreira antes da cirurgia, Alecsandro foi tranquilizado
pelo médico Augusto Cezar, responsável pelo
procedimento. Com sua boa recuperação, o
trabalho previa até mesmo a sua participação
na final da Copa do Brasil, caso o Flamengo tivesse se
classificado - caiu para o Atlético-MG. Consciente
do que precisa fazer, não faz menção
de usar qualquer proteção na volta aos gramados
em 2015.
- Quarta-feira completou o tempo mínimo
que eu teria de recuperação para jogar.
A gente havia definido que se o Flamengo jogasse a final
da Copa do Brasil, eu correria esse risco. Valeria a pena
jogar, mesmo que precisasse de outra cirurgia depois.
Se voltasse antes do prazo, poderia usar uma proteção.
Estudamos alguns aparelhos. Mas agora não. É
vida normal. É até bom os zagueiros terem
medo de mim. O médico disse que onde quebra uma
vez não quebra duas. Fica até um recado
para a zagueirada, que a cabeça vem que vem - afirmou
Alecsandro.
Apesar da brincadeira, o atacante reconhece
que ainda há um receio em cabecear a bola. Nos
treinamentos, o esforço tem sido grande. Alecsandro
tem acompanhado os jogos, feito o possível para
interagir com o grupo. No entanto, não vai atuar
contra Vitória e Grêmio, nas duas últimas
rodadas do Campeonato Brasileiro.
- Se fosse uma situação de
briga por alguma vaga ou ainda houvesse risco de rebaixamento,
jogaria. Minha carreira diz por mim. Sempre me empenhei,
dificilmente fico no departamento médico. Não
corro dos jogos. Mas ainda não estou apto. Há
uma restrição normal, um sentimento de dúvida.
Sinto uma dor, que com o tempo passa. Ainda há
um receio, mas às vezes não tem como tirar
a cabeça. Outros jogadores tiveram uma lesão
parecida e voltaram. É como quebrar qualquer osso.
Na hora em que fizer o primeiro gol de cabeça tudo
passa. Enquanto isso, uso o calcanhar como vocês
viram outro dia - brincou o atacante, referindo-se a golaço
feito em treino.
O zagueiro Cleber até procurou Alecsandro
para pedir desculpas. O jogador do Flamengo elogiou sua
atitude, mas disse que deveria ser o contrário.
No lance, é o atacante quem vai em direção
ao adversário na hora do choque.
- Disse a ele que eu deveria pedir desculpas.
Acertei ele na ânsia de fazer o gol - comentou.
Com promessa de dedicação
para sair de férias em boas condições
físicas, Alecsandro agora tem outra preocupação:
os detectores de metais. Uma viagem aos Estados Unidos
será a prova de fogo para o jogador.
- Não vou falar que é de ouro
porque estão roubando tudo. Outro dia, fui passar
por uma porta giratória e parei antes com medo
de apitar. Vamos ver nos Estados Unidos, que é
um país rigoroso. Acho que vou levar um exame para
mostrar que tenho placa de metal na cabeça - disse
o atacante.