O alagoano Luan saiu de campo mancando
na última quarta-feira, no Mineirão. O peso
de uma partida inesquecível havia tirado parte
de suas forças. Em campo, foi incansável.
Correu, driblou, marcou, ocupou espaço, cruzou
na medida e fez o gol libertador, o quarto na vitória
do Atlético-MG sobre o Flamengo por 4 a 1. Mas
há um detalhe pouco conhecido sobre a infância
do jogador. Quando disputava as peladas em São
Miguel dos Campos, interior de Alagoas, o atacante gostava
das cores que ajudou a derrotar na semifinal da Copa do
Brasil.
Quem conta é a tia de Luan, Cristina
Paiva. Ela recebeu a reportagem em sua casa simples, localizada
no povoado de Coité, São Miguel, e não
demorou a mostrar fotos do sobrinho ainda criança.
Dois quadros na parede feita de taipa comprovam a primeira
paixão. Imagine se ele não torcesse pelo
Flamengo.
- O Luan foi criado aqui conosco. Boa parte
da família da gente morava aqui no Coité,
e a mãe dele, que é minha irmã, era
nossa vizinha. Desde pequeno, o brinquedo do Luan era
uma bola e ele sempre gostou do Flamengo. Era paixão.
Já dava para perceber que seria jogador de futebol.
Ele passava boa parte do dia jogando, aqui no campinho
que existe até hoje no nosso quintal - contou Cristina.
Ela também lembrou das dificuldades
enfrentadas pelo persistente Luan para jogar.
- Quando ele começou a jogar nos
times daqui de São Miguel, fazia de tudo para chegar
logo o final de semana. Era uma ansiedade só. Algumas
vezes, o Luan até ficava muito triste porque não
tinha dinheiro para poder ajudar o time que ele jogava.
Era comum chegar aqui em casa me pedindo R$ 2,00 para
pagar o jogo. E eu, quando tinha, ajudava com a maior
satisfação. Agora, sou cardíaca,
e nem pude ver essa partida do meu sobrinho, mas estou
muito feliz - narrou a tia, emocionada.
O tempo passou, Luan saiu de Alagoas, ganhou
projeção na Ponte Preta e chegou discretamente
ao Atlético. Com muita força de vontade,
saiu do banco de reservas e venceu neste ano uma séria
lesão no joelho. Recuperou espaço e, aos
24 anos, fez um jogo memorável em Belo Horizonte.