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Conselho Deliberativo rejeita cota extra

O Conselho Deliberativo do Flamengo reprovou por maioria de votos a cota extra imposta pela diretoria para pagamento de dívidas de IPTU e com a Cedae em um total de R$ 2,4 milhões. A cobrança, para os sócios, era de R$ 35,90 mensais. De acordo com conselheiros de oposição que eram contrários à cota, houve cerca de 80% de reprovação. A assessoria de imprensa do Flamengo confirmou a derrota no plenário. A sessão teve ambiente confuso e houve muita discussão.

A diretoria pode ter de devolver o dinheiro já pago pelos associados a título de cota extra. No entanto, não houve uma ordem expressa do Deliberativo nesse sentido. Dumbrosck informou que a iniciativa terá de ser do próprio associado que, no caso de se sentir lesado, deverá solicitar a devolução do dinheiro com base na decisão desta terça-feira.

Após a votação da cota extra, foram aprovados os layouts dos novos uniformes do clube. Segundo o presidente do Deliberativo, Delair Dumbrosck, deverá haver nova sessão para aprovação quando as peças ficarem prontas. Pelo layout aprovado, a terceira camisa será cinza, com as listras vermelhas da fornecedora na manga, e detalhe com os anéis olímpicos em suas cores originais. A inclusão da estrela pelo título intercontinental do basquete foi retirada de pauta antes da sessão.

A crise da cota extra explodiu quando um grupo de conselheiros que se recusava a pagar o valor e fazia parte da comissão que elaborava a reforma de estatuto do clube foi barrado na Gávea. A situação só foi contornada com um pedido do presidente do Conselho Deliberativo, Delair Dumbrosck, ao presidente do clube, Eduardo Bandeira de Mello, que liberou a entrada desde que somente para o trabalho da comissão. Na reunião seguinte do grupo, houve um racha definitivo entre o grupo que apoia a diretoria, o SóFla, e os demais membros da comissão.

Francisco Gularte, um dos barrados, obteve liminar nesta terça-feira, na 22ª Vara Cível, garantindo sua entrada no clube. Disse que somente com ela conseguiu acesso à reunião, sendo que outros conselheiros que não pagaram a cota extra foram barrados.

- Eu consegui a liminar dizendo que a cota extra é ilegal e restituindo meus direitos associativos. Havia uma ordem para barrar os nomes na lista dos que não pagaram a cota extra. Eles impediram esses associados de entrar, mesmo com a mensalidade em dia. Entrei por causa da liminar e fui me apresentar ao presidente do Conselho Deliberativo e do Conselho Diretor. O presidente do Deliberativo afirmou que a responsabilidade da decisão era do Conselho Diretor e, como o oficial de Justiça ainda não tinha notificado o clube, foi mantida a decisão de proibir alguns associados de entrarem - disse Gularte.

O presidente do Deliberativo, Delair Dumbrosck, também explicou o caso:

- Teve uma confusão, o presidente (Bandeira de Mello) colocou uma lista de pessoas que não pagaram a cota extra e não poderiam entrar no clube. Mandei fazer um comunicado e colar nas três portarias com o nome de todos eles. Acho um absurdo fazer isso, expor o nome do conselheiro. O meu filho aparece lá com uma mensalidade de setembro de 2013 em atraso. Deve ser um erro. Porque não cobraram até hoje? Havia 18 nessa mesma posição. Depois veio uma liminar estendendo a permissão de entrar a todos. Aí a coisa se acalmou. Passaram até corrente na roleta. Ficou uma batalha entre Deliberativo e o restante dos poderes - disse.

O presidente do clube, Eduardo Bandeira de Mello, deu outra versão:

- Não tem nada disso, o sistema do Flamengo identifica e, quem está inadimplente, não pode entrar. Vários chegaram sem carteirinhas e hoje a gente estava fazendo um controle rigoroso até porque houve ameaça de partir para a violência, em redes sociais e a gente precisou apertar o controle. Até ex-presidentes, pessoas conhecidas, como Marcio Braga, Helio Ferraz, não trouxeram carteirinhas, mas isso foi contornado, claro que ninguém vai barrar pessoa conhecida que se sabe que não deve nada ao clube.

O momento mais tenso da reunião de acordo com Dumbrosck e Gularte foi logo no começo, quando um funcionário que filmava a sessão a pedido da diretoria se recusou a sair após ordem do presidente do Deliberativo. Os ânimos se acirraram e houve muita discussão. De acordo com Bandeira de Mello, a filmagem foi ordenada e será em todas as reuniões por questão de segurança. Segundo o presidente, já houve casos de agressão e a medida visa identificar possíveis condutas inadequadas.

- Tinha de filmar a reunião mesmo por questões de segurança. Já tivemos casos de agressão. Por sorte hoje, não tivemos nenhum. Mas é uma medida de segurança e responsabilidade. Há câmeras fixas e móveis. Tiraram algumas, outras ficaram. Foi mais um aproveitamento político da situação. Não vejo qual seria o problema. Se houvesse um incidente, poderíamos identificar quem é. Mas o que não falta nessa hora é gente querendo aparecer.

Dumbrosck, por outro lado, se mostrou revoltado com a medida:

- Colocaram um cara aqui para filmar e lugar de funcionário não é na reunião do conselho. Pedi à segurança para retirá-lo. E ele teve a audácia de dizer que eu não mandava nada. Foi retirado. Manda quem pode, obedece quem tem juízo. Foi uma reunião complicada, com 397 conselheiros.

Bandeira de Mello, no fim da sessão, confirmou ter citado o que disse o presidente da comissão jurídica que deu parecer contrário à cota extra, alegando que não haveria impedimento se o valor da cota tivesse sido colocado como aumento na mensalidade. Alguns conselheiros da oposição, como Gularte e Gonçalo Veronese, membro do Conselho Fiscal, enxergaram o discurso como ameaça de aumento. O presidente negou que tenha discursado nesse sentido. Ao comentar o caso, garantiu que o pagamento dessas dívidas não afetará as receitas do futebol.

- Foi levantada a tese de que a cota extra que a gente instituiu para tentar equilibrar receitas e despesas seria ilegal do ponto de vista estatutário, isso acabou prevalecendo, mas queria tranquilizar os rubro-negros de que não será o futebol que pagará essa conta. As despesas do clube têm de ser suportadas pelas receitas do clube e as receitas do futebol são intocáveis.


Fonte: Globo Esporte


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