Cantoria desenfreada, recorde de público,
provocação ao rival e uma profecia já
bem conhecida na acústica do Maracanã: "Libertadores,
qualquer dia 'tamo' aí". A parceria entre
torcida e time do Flamengo fez mais uma vítima
na noite de quarta-feira: o Atlético-MG. Com a
derrota por 2 a 0, na primeira partida da semi da Copa
do Brasil, o Galo aumentou uma lista que conta com Coritiba
e América-RN. A diferença é que os
mineiros terão a oportunidade de dar o troco na
próxima semana, no Mineirão. O duelo que
colocou o Rubro-Negro em vantagem na disputa por uma vaga
na decisão garantiu também uma marca respeitosa:
mais de 100 mil flamenguistas estiveram nos três
jogos disputados no Rio de Janeiro pela competição.
Com os 45.642 presentes diante do Atlético-MG,
o Fla chegou a um público de 108.498 torcedores
na Copa do Brasil. Se levado em conta apenas o público
pagante, o número cai para 97.228. Contra o Galo,
40.909 pessoas pagaram ingresso, melhor marca do clube
na edição atual da competição.
E não dá para dizer que os mineiros não
sofreram com a pressão imposta pelos rubro-negros.
Antes mesmo de a bola rolar, a festa era grande a cada
gol de confrontos anteriores entre as equipes exibido
no telão do Maracanã - além da volta
olímpica do time de basquete pelo décimo
título consecutivo do estadual de basquete.
Apesar de não lotar o setor de visitantes,
a torcida atleticana até tentou se mostrar presente
com gritos de incentivo, mas os rubro-negros abafavam
logo em seguida. Durante todo o primeiro tempo, a cantoria
foi quase ininterrupta, mas as boas defesas de Victor
brecaram uma festa maior. Na etapa final, não teve
jeito.
Empurrado por um repertório com
músicas tradicionais e que chegava ao ápice
em decibéis nos versos "isso aqui não
é Vasco, isso aqui é Flamengo", o time
de Vanderlei Luxemburgo venceu com gols de Cáceres
e Chicão, e abriu vantagem na luta por um lugar
na sétima decisão de Copa do Brasil de sua
história. Com o 2 a 0 no placar, a comemoração
se misturou com a provocação direcionada
ao lado mineiro do Maracanã.
Depois de Chicão estufar as redes
em cobranças de pênalti, o torcedor do Flamengo
praticamente deixou de lado o que acontecia em campo e
não parou mais de cantar até o apito final.
Com o sorriso escancarado no rosto, os rubro-negros provocaram
os atleticanos com música que dizia: "No Maracanã,
o Galo virou Galinha". As músicas só
cessaram em um momento: quando Paulo Victor fez defesa
impressionante em finalização de Dátolo
e foi ovacionado.
Vanderlei Luxemburgo elogiou a sintonia
entre time e torcida, e agradeceu o apoio irrestrito desde
sua chegada. Após o episódio das vaias para
Lucas Mugni na derrota para o Botafogo, em Manaus, o treinador
apontou uma postura diferente do flamenguista carioca
e citou a pausa nas críticas a João Paulo
como exemplo:
- Há uma empatia do time com a torcida,
que apoia, não vaia. Até o João Paulo,
que pegavam no pé, já entendem melhor.
Com a vitória garantida, uma profecia
que já fez sucesso em outras campanhas vitoriosas
do Flamengo recentemente voltou a ser escutada em alto
e bom som no Maracanã: "Ihhh, Libertadores,
qualquer dia 'tamo' aí". Para repetir o feito
do ano passado e voltar à disputa continental,
no entanto, ainda faltam três passos. O próximo
está marcado para quarta-feira, às 22h (de
Brasília), no Mineirão, contra o próprio
Atlético-MG.