Página virada do que aconteceu e
Manaus e foco no futuro. O Flamengo encarou com naturalidade
a derrota por 2 a 1 para o Botafogo, neste sábado,
na Arena Amazônia, pela 31ª rodada do Brasileirão.
Quando relacionou apenas quatro titulares para partida
e escalou três de início - Eduardo da Silva
começou no banco -, Vanderlei Luxemburgo sabia
que sua equipe passaria apuros no clássico. E não
se arrepende disso. Ciente de da importância da
semifinal da Copa do Brasil, contra o Atlético-Mg,
quarta-feira, e do duelo com a Chapecoense, domingo, ambos
no Maracanã, o treinador evitou fazer drama e deu
méritos ao Glorioso pela vitória.
Com apenas Paulo Victor, Samir e Gabriel
do time titular em campo, o Flamengo sofreu com a falta
de entrosamento. Por mais que tivesse a bola, o Rubro-Negro
não conseguia trocar passes com rapidez e também
se perdia na marcação. Assim, o Botafogo
abriu 2 a 0, até que Eduardo da Silva descontou
fechando o placar. Para Luxa, a partida se desenrolou
da maneira esperada e o ponto a ser ressaltado é
que o Rubro-Negro conseguiu recuperar fisicamente boa
parte do elenco.
Não foi devido à Copa do Brasil, foi devido
às nossas necessidades. Sabia que iria faltar ritmo
de jogo a algum dos nossos jogadores.
- Não foi devido à Copa do
Brasil, foi devido às nossas necessidades. Sabia
que iria faltar ritmo de jogo a algum dos nossos jogadores.
O Léo tem dez meses que não joga, o Amaral
a mesma coisa. Contra o Coritiba foi a última vez
que entrou para jogar. Então é normal. Anderson
Pico... Hoje fiz uma experiência com o Igor para
saber como funciona. Algumas coisas aconteceram aí,
mas o Botafogo mereceu o resultado. Primeiro tempo muito
ruim, no segundo tempo melhoramos bastante com a entrada
do Eduardo e do Elton incomodando o Botafogo, mas o Botafogo
mereceu o resultado. Quando a gente utiliza tantos jogadores
novos assim, sabe que alguma coisa vai acontecer. É
a falta de ritmo de jogo que fica muito forte, muito latente
no jogo.
Com 40 pontos, o Flamengo se manteve na
11ª colocação na tabela e retorna para
o Rio de Janeiro na madrugada deste domingo. O elenco
que esteve em Manaus terá o dia de folga, enquanto
os titulares que não viajaram treinam no Ninho
do Urubu. A partir de segunda-feira, todo elenco trabalha
junto visando a semifinal da Copa do Brasil, quarta-feira,
às 22h (de Brasília), no Maracanã.
Confira outros trechos da entrevista de
Luxemburgo:
Risco calculado
Quando a gente utiliza tantos jogadores
novos assim, sabe que alguma coisa vai acontecer. É
a falta de ritmo de jogo que fica muito forte, muito latente
no jogo, apresentando para todo mundo. O Botafogo também
sentiu um pouco do cansaço, como nós, mas
nós sentimos mais a falta de ritmo.
Derrota interfere no cálculo para
sair da confusão?
Nós fazemos as coisas necessárias.
Ninguém subestimou o Botafogo ou veio para passear.
os jogadores estavam esgotados, tínhamos preocupação
com lesão. Uma lesão agora tira o jogador
por três semanas e acabou a competição.
Então, foi um risco calculado e que era necessário
ser feito.
Jogo com o Atlético-MG
Vamos ter o grupo do Rio que trabalha domingo
e na segunda-feira já voltamos todos com a cabeça
de quarta-feira e até de domingo. Esse refresco
dá uma recuperada boa. Temos um confronto com a
Chapecoense que também é da zona de baixo
da confusão. Esse descanso faz com que os jogadores
possam jogar com o Atlético-MG e a Chapecoense.
Primeiro jogo da semifinal no Rio
Copa é complicado. Às vezes,
você joga fora, traz um resultado ruim e não
consegue furar o adversário em casa. Tem que jogar
dois jogos, 180 minutos. A vaga para fase seguinte não
se define no primeiro jogo. É contra um grande
adversário. Serão dois grandes jogos.
Volta de Wallace
Vamos chegar lá com calma. Ele está
treinando, mas é uma situação que
temos que pensar muito. O jogador voltou, sentiu a lesão
de novo e saiu. Temos que ter calma para não perdê-lo
pelo restante da competição. Se não
puder jogar o primeiro jogo contra o Atlético-MG,
vamos deixar para entrar onde é importante para
o Flamengo, que é sair da confusão. Quero
o jogador inteiro para somar essas duas vitórias,
depois vamos avançar ou não na Copa do Brasil.
Avaliação dos reservas que
entraram
Não vou fazer comentário individual,
não. Vamos trabalhar coletivamente, a análise
é interna.
Lucas Mugni
O Lucas tem qualidade, mas falta o final.
Ele domina, participa, mas falta o finalzinho. Tem muita
qualidade, dinâmica jogo, só que continua
muito ansioso. Ele veio de um outro país, quer
fazer as coisas acontecerem, e isso provoca o erro. Vai
ter que encontrar o "timing", como o Canteros
encontrou. Mas o Canteros é mais experiente, mais
rodado, já jogou mais jogos decisivos. Ele vai
ter que se esforçar mais um pouquinho.
Desempenho dos jovens
Não tenho problema em botar jovens.
Vou esperar ficar velho? Aí, não dá.
Depois, não bota por estar velho. Tem que botar
para jogar. São jogadores que vão cometer
erros e cabe a nós ensinar. O Marcelo veio do Volta
Redonda e no Flamengo é diferente. O futebol é
simples. Ele tentou sair por dentro e se equivocou. Tenho
que chegar e falar: "Marcelo, zagueiro é diferente,
não pode dar chance para o azar". Temos que
ensinar ao Samir a não deixar o cara virar. Tudo
faz parte do ensinamento. Estou satisfeito com eles. Hoje,
cada vez mais usamos os jogadores precocemente por conta
da necessidade.
Anderson Pico
Não me surpreende. Gosto muito dele.
Dei a chance como pai, avô, cidadão, porque
ele me tocou de ter uma oportunidade, mas é uma
ambidestro, um cara que tem velocidade, pega bem na bola
com a direita, com a esquerda... Só que carrega
alguns quilos a mais. Quando chegou, estava muito acima.
Diminui e precisa diminuir mais. Imagina essa frequência
de jogo se ele diminuísse um pouco mais? Tem toda
possibilidade. Só depende dele, não depende
de mim. É um fio desencapado 220, dá choque.
A possibilidade de melhorar a qualidade de vida dele e
dos familiares é através do futebol, que
não jogue fora de novo.
Jogo em Manaus
Não há problema em vir para
cá, mas estamos dentro de uma competição
difícil, em final de temporada. Tivemos uma longa
viagem para cá. Não é reclamar de
vir a Manaus, o momento que é ruim. Nada contra
as pessoas de Manaus, das redondezas. Foram 40 e poucas
mil pessoas no estádio. É um torcedor diferente.
Esse público no Maracanã, com o time gostando
do jogo, joga para cima, vira alçapão. Aqui,
quer ver o sucesso, a coisa bonita, e começa a
vaiar um ou outro, o que é normal. Acho que é
válido. Não teve nas a ver com a gente,
o Botafogo que trouxe o jogo para cá. Quem tem
que ver essas mudanças é a CBF. O Botafogo
tinha 5% dos torcedores, vendeu o jogo com mais de 90%
de flamenguistas. O Botafogo levou dinheiro, os empresários,
e o Flamengo se desgastou.