Filho do ex-jogador Vidotti, atacante revelado
pelo Corinthians em 1980 e campeão sul-mato-grossense
pelo Comercial, em 1985, Paulo Victor está no Flamengo
desde 2004. Na época, com 17 anos, o goleiro viveu
uma mudança radical em sua vida. Ainda como atleta
de base, saiu do modesto Assisense, clube de Assis, sua
cidade-natal, que fica no interior de São Paulo,
logo para o de maior torcida do Brasil. Foram 10 anos
entre chances e longos períodos no banco até
assumir de vez o posto de titular com a chegada de Vanderlei
Luxemburgo. Nessa trajetória, o arqueiro se profissionalizou
em 2007, após conquistar dois títulos cariocas
pelos juniores, e teve bastante tempo para se adaptar
ao clube enquanto adquiria experiência na reserva.
- A torcida do Flamengo é uma torcida
que sempre faz a diferença, sempre abraça
o jogador. Eu tenho essa experiência, comigo não
foi diferente. O caminho é difícil. Mas
trabalhando, fazendo as coisas aproveitando o tempo certo,
com certeza tudo começa a acontecer naturalmente.
A torcida abraça o jogador junto. Na verdade, eu
não me considerava reserva. Sabia que teria o tempo
para amadurecer. E nem sempre é o tempo que a gente
espera. Então, sabia que era necessário
trabalhar muito para quando a hora chegasse, estar preparado
- revelou.
Hoje, PV usa a camisa 48, mas é o
número 1 do gol rubro-negro. No banco de reservas,
está jovem César, de 22 anos, campeão
da Copa São Paulo de Futebol Júnior em 2011.
Afirmando ter tido uma relação boa com todos
os goleiros que teve como companheiros entre 2004 e 2014,
Paulo Victor falou em especial do arqueiro que se profissionalizou
há quatro temporadas. O titular admitiu conversar
com seu reserva sempre que possível para contribuir
com seu amadurecimento.
- Minha relação é muito
boa com todos os goleiros. O César hoje está
tendo essa oportunidade. Ele merece, é um excelente
goleiro, uma excelente pessoa, de um caráter enorme.
Sempre que posso tenho uma conversa com ele, para o amadurecimento,
sabendo que eu já passei pelo que ele passa. Fiquei
muito mais tempo que ele para virar a segunda opção.
Sempre mostro para ele esse lado para amadurecer e crescer
muito mais na profissão - disse.
Lições de Luxa
Vanderlei Luxemburgo pode ser considerado
um dos responsáveis diretos pela projeção
de Paulo Victor no gol rubro-negro. Na penúltima
passagem do técnico pelo clube, entre 2010 e 2012,
PV se tornou o reserva imediato do então titular
Felipe, herdando a vaga de Marcelo Lomba que foi emprestado
ao Bahia. Foi titular por um tempo com Joel Santana, ainda
em 2012, e retornou para o banco com Dorival Júnior.
Com o afastamento do antecessor, o goleiro aproveita o
espaço que tem na mídia, impulsionado pelas
boas atuações no Brasileirão e na
Copa do Brasil deste ano, para elogiar Luxemburgo.
- É um sonho ser treinador pelo Luxemburgo.
Todos os jogadores de referência no futebol sempre
falaram bem dele. Tive essa oportunidade em 2010, estou
tendo novamente. Aprendo, porque é o cara que é
amigo fora de campo, mas dentro de campo cobra mesmo,
quer tirar o máximo do jogador. Com certeza, as
coisas que ele passa vou levar para o resto da vida -
disse.
Chance de título como titular
Após a vitória sobre o América-RN
por 1 a 0, na última quarta-feira, no Maracanã,
Paulo Victor se vê na semifinal da Copa do Brasil.
Caso o Flamengo passe pelo Atlético-MG, terá
Santos ou Cruzeiro na final. Se o título for para
a sala de troféus da Gávea, além
de ser a primeira vez na história da competição
que uma equipe terá vencido duas vezes consecutivas,
também será o primeiro título do
goleiro como titular. Confiante e feliz pelo fato de o
time ter jogado nos últimos meses sempre com bom
público no Maracanã, o goleiro revelou perceber
que os adversário sentem quando os flamenguistas
cantam na arquibancada.
- Sobre preço de ingresso eu não
comento, isso é com a diretoria. Mas a gente observa
os times que vêm jogar, eles sentem quando a torcida
começa a gritar - respondeu.