Como todo menino que começa a jogar
basquete, George Frederico Torres Homem Chaia, o Gegê,
sempre sonhou com a NBA. Em 2005, aos 14 anos, o armador
do Flamengo teve uma pequena prova. Só que como
torcedor. Atleta do Tijuca Tênis Clube na época,
o adolescente aproveitou a viagem para os Estados Unidos
com a família e presenciou a vitória do
Orlando Magic de Steve Francis sobre o Sacramento Kings
de Mike Bibby, na prorrogação.
Acompanhado do pai e do tio, o campeão
da Copa Intercontinental de Clubes com o Flamengo na última
semana mal podia imaginar que nove anos depois voltaria
à mesma cidade e ao mesmo ginásio, que apenas
ganhou outro nome nesse período em razão
da mudança de patrocinador, só que desta
vez como jogador profissional.
Se a cidade e o time escolhidos pela NBA
são os mesmos de nove anos atrás, as circunstâncias
são totalmente diferentes. Além do Orlando
pelo qual Gegê torceu em 2005 ser o adversário
do seu Flamengo, dia 15 de outubro, no Amway Center, aquele
menino que só queria estar perto dos ídolos
hoje é um dos jogadores mais vitoriosos do atual
elenco rubro-negro.
- Todo mundo me pergunta se eu esperava
que tudo isso acontecesse tão rapidamente na minha
carreira. Eu sempre respondo que nem nos meus melhores
sonhos podia imaginar que aos 23 anos seria campeão
do mundo, que jogaria três partidas contra times
da NBA e que já teria conquistado o que a maioria
dos jogadores nunca ganhou numa carreira inteira. Há
nove anos eu era apenas um menino que sonhava com a NBA
e sequer sabia se iria me tornar um jogador de basquete.
Ter a chance de voltar à Flórida e enfrentar
o Orlando no mesmo ginásio em que estive como torcedor
é um sonho - afirmou Gegê.
Dono de dois títulos do NBB, dois
cariocas, uma Liga das Américas e uma Copa Intercontinental
de Clubes, Gegê sabe que será muito mais
difícil ajudar o Flamengo a se manter no topo pelas
próximas temporadas. Ainda eufórico pela
vitória sobre o Maccabi Tel Aviv, de Israel, o
armador rubro-negro admite que ainda não tem a
real dimensão de tudo que conquistou com seu time
de coração.
- Hoje sou uma pessoa muito mais madura
e sei a responsabilidade que é ser um jogador profissional.
Muitos torcedores me reconhecem e me param na rua para
me parabenizar por todas as conquistas que o basquete
do Flamengo conseguiu. Esse reconhecimento não
tem preço e é muito legal. Acho que só
nessas horas é que a ficha cai e que realmente
temos a exata noção de tudo que temos feito
em quadra - disse o camisa 19 do Flamengo.
Como o desejo de nove anos atrás
acabou se materializando nesta temporada, Gegê não
descarta voos mais altos. Empolgado com a primeira oportunidade
de conhecer o mundo da NBA mais de perto, o também
bicampeão da Liga de Desenvolvimento (LDB) espera
um dia poder ter a chance de jogar no melhor basquete
do mundo.
- Por que não? Sei das dificuldades
que é para um atleta entrar na NBA, mas ainda sou
muito novo. Tenho só 23 anos e tudo na nossa vida
é uma conquista. Tenho que continuar trabalhando
para, quem sabe um dia, poder realizar esse objetivo.
Se há nove anos eu não podia sequer sonhar
com isso, hoje pelo menos eu já posso - brincou
o ex-jogador de futsal e polo aquático.
Torcedor apaixonado do Flamengo, Gegê
reconhece que o feito do time de basquete jamais poderá
ser comparado ao título mundial conquistado por
Zico, Junior & Cia. nos gramados de futebol. No entanto,
o armador rubro-negro se enche de orgulho ao mostrar o
recado deixado pelo maestro Júnior em seu celular,
após a vitória por 90 a 77 sobre o Maccabi.
- Nós sabemos que a proporção
da nossa conquista nunca será mesma da de 81. Futebol
é futebol e aquele time é a maior glória
da história do Flamengo. Mas só fato de
um ídolo como o Júnior inverter os papéis
e me parabenizar através de seu twitter é
demais. Um cara da grandeza dele me tratando como um ídolo
do clube é gratificante - comemorou.
O Flamengo jogará três jogos
na pré-temporada da NBA, contra Phoenix Suns (8/10),
Orlando Magic (15/10) e Memphis Grizzlies (17/10).