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Rubro-negro relata pedrada e preconceito

Membros de uma facção da torcida do América-RN já haviam lotado as redes sociais de ameaças a torcedores do Flamengo, avisando que sofreriam represálias na Arena das Dunas caso não respeitassem os limites territoriais impostos pelos organizadores da partida disputada na última quarta-feira, pela Copa do Brasil. De acordo com o torcedor rubro-negro Noel Bustorff Xavier, presente ao jogo, não houve agressão física dentro do estádio, mas na saída, o ônibus que levava o grupo com cerca de 60 pessoas levou uma pedrada. Os torcedores do Fla são de João Pessoa, na Paraíba, e alugaram o veículo para assistir ao jogo em Natal.

- A gente tem o costume de juntar amigos em um ônibus sempre que o Flamengo joga próximo a João Pessoa. Foi tranquilo no estádio em relação à divisão (das torcidas), só que na saída não houve o devido policiamento. Houve certo engarrafamento na saída, e recebemos uma pedrada em nosso ônibus. Foi um barulho estrondoso, sorte é que pegou na poltrona e não atingiu ninguém, mas teve estilhaço e vidro para tudo quanto é lado. Essa pedra esteve muito próxima de atingir o rosto de um adolescente, ela era muito grande. Credito isso à polícia, que não deu devida assistência ao visitante, principalmente ao turista, já que estava claro de que era um ônibus turístico - protestou o Bustorff, servidor judiciário.

Flamengo e América-RN não são rivais históricos. O histórico do confronto conta apenas 14 partidas desde 17 de julho de 1947, quando os rubro-negros golearam os potiguares por 6 a 2. A rixa é oriunda, segundo Noel, de patrulhamento das escolhas clubísticas por parte de alguns torcedores nascidos no Nordeste. Ele afirma que existe rejeição a quem torce por clubes que estão fora da região.

- Acompanhei isso principalmente no anel superior, de onde nos jogaram líquidos e ficaram o tempo todo nos hostilizando, gesticulando como quem quisesse dizer que nos encontrariam lá fora. Foi escancarado nas redes sociais que não seria aceita a presença de flamenguista. Tem gente que acha que torcer para time que não é do Nordeste um desaforo, o que entendo como absurdo. Não vejo apenas com torcedor do Flamengo, mas também com o do Vasco. Aqui no Nordeste também tem muito vascaíno, e essas pessoas entendem que é obrigação torcer por times da terra. Entendo futebol como entretenimento e não se pode regrar entretenimento. É como se eu fosse obrigado a casar com uma mulher do meu estado. Isso não pode ser patrulhado e deve ser tratado como qualquer tipo de diferença. Claro que em menor escala do que em casos de preconceitos ligados a sexo e etnia, mas é preciso ser tratado como preconceito.


Fonte: Globo Esporte


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