O Flamengo esqueceu as divergências
internas da última sexta-feira e fez a alegria
da torcida na manhã deste domingo no duelo deciviso
da Copa Intercontinental de Basquete. Depois de perder
de virada para o Maccabi Tel Aviv por 69 a 66, a equipe
de José Neto reverteu a desvantagem e derrotou
o mesmo adversário por 90 a 77 na HSBC Arena lotada,
faturando o título inédito do torneio que
reúne o atual campeão da Liga das Américas
e da Euroliga e é considerada o Campeonato Mundial
Interclubes pela Federação Internacional
de Basquete (Fiba).
A presença do ala argentino Walter
Herrmann e o pivô americano Derrick Caracter na
maior parte do primeiro jogo foi motivo de críticas
do ala Marquinhos, para quem o Fla deveria ter jogado
com "o time que se conhece". Mas o elenco mostrou-se
mais entrosado desta vez. Os arremessos de três,
que deixaram a desejar no jogo anterior, funcionaram melhor
desta vez.
O resultado é expressivo para o Brasil.
O único clube do país a conquistar a Copa
Intercontinental havia sido o Sírio, na edição
de 1979, com um elenco que tinha entre os destaques o
ala Oscar Schmidt. Na ocasião, o time paulista
venceu o Bosna, da ex-Iugoslávia.
O técnico José Neto escalou
a mesma equipe da primeira partida, com Herrmann, Marcelinho,
Laprovittola, Marquinhos e Meyinsse. Mas o Maccabi começou
com tudo nos contragolpes. Pnini e Lansesberg ajudaram
a equipe israelense a abrir 7-0. Já a pontaria
do Rubro-negro não era das melhores. Quem não
decepcionou foi a torcida, que fez barulho se animou ainda
mais com a primeira cesta de três dos brasileiros,
convertida por Marquinhos.
A partir de então, os contra-ataques
do ala tornaram-se a grande arma do Fla. Logo, o placar
já marcava 11-7 para os donos da casa. Se Pargo
tentava repetir a dose do primeiro jogo, em que foi destaque,
Laprovittola mantinha a diferença de quatro pontos.
A equipe sabia trabalhar a bola e encontrar as brechas.
A 1m54, Randle errou dois lances livres, mas converteu
uma de dois pontos em seguida, colocando o Maccabi à
frente. O que os israelenses não esperavam era
que Herrmann acertasse preciso arremesso de três
no último segundo para virar o marcador e encerrar
o primeiro quarto em 27-25.
Caracter entrou em quadra no segundo quarto
e mostrou presença, mas o jogo era pegado e cada
vez mais nervoso. A torcida começou a perder a
paciência com Olivinha, que cometeu dois erros quase
em sequência. Mas o Fla segurava dois pontos na
liderança, afinal, Lansesberg também errava.
A diferença aumentou graças a Marcelinho,
que acertou uma cesta de dois e outra de três, fazendo
39-32. A maior vantagem, porém, viria em sequência,
com a vitória por 46-36. Laprovittola, com 12 pontos,
e Pargo, com oito, assim como Haynes, foram os destaques.
O segundo tempo de jogo era decisivo para
o Rubro-negro mostrar que os erros do primeiro confronto
ficaram no passado. Saber administrar a vantagem construída
e evitar uma surpresa, como a ascensão de Jeremy
Pargo, era fundamental. O armador rival voltou inspirado
para converter bem suas cestas de três, impôs
um jogo agressivo que gerou reclamações
de José Neto e a provocou a ira da torcida carioca.
A diferença caiu para apenas um ponto após
novos três pontos do protagonista da equipe israelense.
O torcedor não perdoou quando o mesmo
Pargo exagerou na força ao tentar uma assistência
e mandou a bola na arquibancada. A vantagem brasileira
foi mantiva, assim como a tensão. O terceiro quarto
terminou em 64-61, placar ainda insuficiente para o título
se a partida terminasse ali.
O alívio só veio após
mais de cinco minutos do último quarto. Uma falta
de Pargo em Benites e um arremesso certeiro de três
pontos de Laprovittola levaram o placar para uma folga
de 74-63. Mais dois pontos do armador obrigaram o técnico
Guy Goodes a pedir tempo no caldeirão que se transformou
a Arena.
Faltavam apenas cinco minutos para a consagração,
e o time acreditava. Se Landesberg cravava três
pontos, Herrmann devolvia a pontuação e
chamava a torcida, que vaiou Randle em sua saída
para o banco de reservas. No fim, uma falta a favor do
Brasil bem convertida pelo camisa 7 encaminhou o resultado.
Marquinhos e Meyinsse converteram após sofrer falta.
Com 13 de vantagem, o grito de campeão tomou conta
do ginásio.
Escalações
Flamengo: Marquinhos (9),
Marcelinho (5), Meyinsse (22), Herrmann (8), Laprovittola
(24); Entraram: Olivinha (9), Benite (8), Caracter (4),
Gegê (0), Felício (1), Danielzinho (0)
Técnico: José Neto
Maccabi: Pargo (28), Pnini
(10), Randle (6), Landersberg (7), Maric (4); Entraram:
Haynes (15), Smith (2), Tyus (4), Ohayon (0), Cohen (1),
Linhart (0)
Técnico: Guy Goode.