Muricy Ramalho e Vanderlei Luxemburgo,
os dois treinadores mais vencedores da história
do Campeonato Brasileiro, vão se enfrentar novamente
nesta quarta-feira, no Morumbi, com São Paulo e
Flamengo, respectivamente.
Muricy tem quatro títulos do Brasileirão
no currículo (2006, 2007 e 2008 com o São
Paulo e 2010 com o Fluminense), enquanto Luxa é
o recordista, com cinco (1993 e 1994 com o Palmeiras,
1998 com o Corinthians, 2003 com o Cruzeiro e 2004 com
o Santos). Treinadores que passaram por um momento de
baixa, mas que voltaram a mostrar qualidade este ano.
Muricy Ramalho ficou parado por um tempo
após deixar o Santos em junho de 2013. Ficou três
meses parado e assumiu o São Paulo em setembro
para tentar evitar o inédito rebaixamento de um
time que havia naufragado em todas as competições
que havia disputado. O trabalho foi duro, dispensas aconteceram,
mas ele atingiu o seu objetivo. E, com a autoridade de
quem foi tricampeão brasileiro no Morumbi, promoveu
uma profunda reformulação na atual temporada.
Jogadores que não estavam rendendo
foram dispensados. Reforços pontuais foram contratados.
É bem verdade que o time caiu no mata-mata no Paulista
e na Copa do Brasil, mas, no Campeonato Brasileiro, tudo
vai muito bem. A chegada de Kaká modificou o time,
que ainda acredita no título brasileiro. Hoje,
a diferença para o líder Cruzeiro é
de sete pontos.
O treinador diz que o trabalho feito no
São Paulo desde a sua chegada foi o mais difícil
de sua carreira.
– Foi um risco assumir o time naquela
época, por tudo que ganhei aqui. Mas pesou muito
o sentimento da torcida, que sempre gritava o meu nome
em todos os jogos. Não tinha como negar o clube
que abriu as portas para mim desde os meus 9 anos de idade.
O objetivo era evitar um desastre. Com muito trabalho,
conseguimos tirar o São Paulo daquela situação
e, depois, veio a reformulação. E essa foi
a parte mais difícil. Pouco a pouco, fomos mudando
o plantel e definindo a filosofia de trabalho. A disciplina
melhorou demais e, juntando tudo isso, chegamos ao bom
momento da equipe hoje – disse Muricy Ramalho, em
entrevista recente.
Já Luxemburgo estava longe dos holofotes
desde novembro, quando foi demitido do Fluminense. Hoje,
pode-se dizer que a "confusão" está
cada vez mais distante para o Flamengo, e muito graças
ao treinador. Há dez anos sem conquistar um título
nacional, Luxa se acostumou com questionamentos nos últimos
tempos. "Decadente", "centralizador"
e "ultrapassado" foram alguns dos adjetivos
relacionados a Luxa no período de maior jejum de
sua carreira - apesar de ter conquistado cinco estaduais.
Ao retornar para o Rubro-Negro, no entanto, tudo mudou.
De volta para o clube do coração e que o
introduziu no futebol ainda como jogador, ele voltou aos
holofotes e e a receber elogios.
Ao assumir um time na última colocação,
o técnico foi objetivo: a maior conquista do Flamengo
neste Brasileirão seria se manter na primeira divisão,
rebatizando o Z-4 como "zona da confusão".
Dois meses depois, o fantasma do rebaixamento praticamente
não assusta mais na Gávea. Foram oito vitórias,
dois empates e quatro derrotas. Reação que
teve um protagonista indiscutível: Vanderlei Luxemburgo.
Com as deficiências do elenco expostas
a cada entrevista coletiva, Luxa cobrou do time uma característica
mais aguerrida e deu uma cara, arrumando-o taticamente.
Trabalho digno do maior campeão do Brasileirão,
mas que o próprio rechaça ser uma volta
por cima. Para Vanderlei, nada mudou, a não ser
a percepção externa após os oito
meses em que preservou a imagem desde a demissão
no Fluminense até o retorno ao clube.
– Eu passei a ficar bom, para muitas
pessoas, em um mês. Tenho uma história de
mais de 30 anos no futebol, e em um mês me colocaram
como bom. Aí a coisa fica louca, cara. Você
não pode ser analisado em 30 dias como excelente,
ou um m... em 30 dias. A análise é equivocada,
existe falta de respeito com profissionais que têm
qualidade. Nego quer aposentar, quer tirar... "Está
ficando velho". Isso não tem nada a ver. Eu
viajei, mas sempre fiz isso, há anos. As coisas
que acontecem hoje no futebol eu fazia há 25 anos,
as coisas que estão acontecendo hoje, eu era vanguarda
– disse.