O presidente do Conselho Fiscal do Flamengo,
Mario Esteves, enviou um esclarecimento por email explicando
as razões do seu pedido de licença e negando
que tenha qualquer relação com as pressões
que vem sofrendo no clube. Ele é alvo de uma comissão
de inquérito no Conselho Deliberativo, acusado
por membros do Conselho Fiscal de restringir informações
por fazerem parte da oposição. Em agosto,
Esteves alegou que somente tenta evitar a politização
do Conselho Fiscal e que em nenhum momento deixou de prestar
as informações que tem obrigação
de prestar. A comissão de inquérito aberta
neste mês teria 60 dias para realizar a apuração,
mesmo prazo da licença de Esteves que, no entanto,
ressalta que já tinha marcada há três
meses uma viagem familiar ao exterior.
Na sexta-feira, Gonçalo Veronese,
membro do Conselho Fiscal e da oposição,
além de ser um dos autores do pedido de abertura
de comissão de inquérito, afirmou que a
ausência de Esteves se tratava de uma manobra para
ganhar tempo, visto que dessa forma ele poderá
não responder à comissão de inquérito,
que por sua vez poderá pedir a prorrogação
dos 60 dias até o retorno do dirigente. Na ocasião,
Veronese afirmou ao GloboEsporte.com que "com certeza
vai atrasar" a apuração. O presidente
do Deliberativo, Delair Dumbrosck, por sua vez, desconversou
quando questionado se a licença de Esteves teria
relação com a abertura do inquérito
interno, e aconselhou que a pergunta fosse feita ao presidente
do Conselho Fiscal. A reportagem, na ocasião, não
conseguiu contato com Esteves.
Mario Esteves revela também em sua
mensagem que consultou o vice-presidente e o secretário
do Conselho Fiscal com a mesma antecedência para
conferir a disponibilidade dos dois durante sua ausência,
além de ter havido comunicação formal
a todos os presidentes de poder. No email enviado neste
fim de semana, ele preferiu se abster de comentar a acusação
de restringir informações por conta do trabalho
da comissão de inquérito. Mas, no dia 8
de agosto, Esteves afirmou ao GloboEsporte.com:
- O Gonçalo Veronese é o segundo
no grupo do Leonardo Ribeiro, o chamado Capitão
Léo, é o braço direito político
do grupo, que tem como único objetivo prejudicar
de todas as maneiras a administração. A
nossa campanha foi baseada na despolitização
do Conselho Fiscal. A minha conduta como presidente do
Conselho é independente, isenta e técnica.
A minha atuação política é
exatamente no sentido de evitar a politização
que o Veronese e o grupo tenta dar ao Conselho Fiscal,
colocando questões que não ficam na sua
esfera. Eles me mandaram requerimentos que foram respondidos
na medida em que faziam parte das obrigações
estatutárias do Conselho Fiscal. Realmente não
aceito colocar no Conselho Fiscal a pauta política
deles. Não tenho a obrigação e nem
acho que devo aceitar a tentativa de politização,
porque é isso que o senhor Gularte (Francisco Gularte,
conselheiro que também fez o pedido de abertura
de comissão de inquérito) e todos eles fazem
o tempo todo. A nossa postura é absolutamente isenta.
Confira a íntegra da resposta enviada
por email por Mario Esteves, presidente do Conselho Fiscal
do Flamengo:
"A propósito de matéria
publicada em 12/09/2014 no Globo Esporte, intitulada “Guerra
política se acirra, e presidente do Conselho Fiscal
pede licença no Flamengo”, cumpre esclarecer
que minha licença para viagem familiar ao exterior
já estava programada há cerca de 3 (três)
meses, quando consultei o Vice-Presidente e o Secretário
do Conselho Fiscal para conferir a disponibilidade de
ambos durante o período programado de ausência.
Ademais, como de praxe, a licença foi precedida
de comunicação formal a todos os Presidentes
de Poderes do Clube, com o envio dos correspondentes ofícios.
Cumpre registrar que em respeito à
Comissão de Inquérito do Conselho Deliberativo,
me absterei de no momento tecer qualquer consideração
quanto ao teor das alegadas “omissões de
informações”. Asseguro apenas que
minha conduta à frente do Conselho Fiscal segue
estritamente as disposições estatutárias
e regimentais do Clube de Regatas do Flamengo, e assim
ficará provado, bem como os princípios da
independência, transparência, equidade e responsabilidade.
Quanto às ligações
telefônicas mencionadas na matéria, de fato
desliguei, desde 09/08/2014, minha linha de operadora
brasileira dado o elevado custo das ligações
em roaming internacional".