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ABERTURA - A HEGEMONIA MANTIDA

Após dois anos sem sequer chegar a uma decisão de Turno, o Flamengo viu ameaçada sua hegemonia no futebol carioca, com o Fluminense ficando a um título de alcança-lo em número de conquistas. Mas o Mengão não consegue ficar muito tempo sem mostrar quem é que manda no futebol do Rio. E assim fez uma campanha arrasadora e conquistou o Campeonato Estadual 2014, chegando ao 33º título em sua história. A conquista representou não apenas o aumento da hegemonia no estado, mas também a manutenção do tabu de não perder uma decisão para o Vasco desde 1988. Neste especial você poderá saber tudo sobre mais esta conquista do maior clube de futebol do Rio de Janeiro.

Com Flamengo e Botafogo disputando a Copa Libertadores, muitos imaginavam que estes dois clubes não levariam à sério o Campeonato Carioca, priorizando totalmente a competição internacional. E com o Vasco em reestruturação após mais uma queda para a Série B do Brasileirão, muitos apontavam o Fluminense como o grande favorito ao título deste ano. Com um elenco limitado, o Botafogo realmente não conseguiu conciliar as duas competições e fazer uma boa campanha no Estadual. Ficou pelo caminho logo na primeira fase, dando lugar a Cabofriense na Semifinal. Mas o Flamengo montou um elenco numeroso, com várias boas opções, e ao contrário do rival pôde fazer uma grande campanha na Taça Guanabara mesmo em meio à Libertadores. Já Vasco e Fluminense, sem outra competição à disputar, priorizaram o Estadual e seguiram bem até chegar à fase final.

Mesmo com um time recheado de reservas pouco utilizados, o Flamengo começou o campeonato com duas boas vitórias contra Audax e Volta Redonda, ambas por 1 a 0 com o gol da vitória marcado pelo zagueiro Welinton. Na terceira rodada chegou a vez dos titulares irem à campo pela primeira vez. Mas a atuação ficou muito aquém do esperado, e o time sofreu para arrancar um empate diante do fraco Duque de Caxias, após estar perdendo por 2 a 0. Na rodada seguinte veia a reabilitação, com uma vitória por 2 a 0 sobre o Friburguense, em Nova Friburgo, novamente com os titulares. Contra o Macaé veio a consagração de Hernane, que voltou a balançar as redes marcando logo quatro gols na vitória por 5 a 2. Na rodada seguinte voltaram os reservas, que deixaram o Boavista abrir 2 a 0 logo no início do jogo. Mas Alecsandro queria mostrar serviço, e foi logo marcando três gols na virada rubro-negra para 5 a 2.

Confiante, mas com a cabeça na estreia na Copa Libertadores, o Flamengo foi para o clássico contra o Fluminense pensando em manter a liderança da fase classificatória. Mas acabou tendo uma atuação muito fraca durante todo o jogo, sendo completamente dominado pelo rival. A derrota por 3 a 0 fez o Mengão perder a ponta da Taça Guanabara para o próprio Fluminense no saldo de gols, graças ao gol de Walter no final do jogo. Três dias depois, veio a frustração na estreia da Libertadores, ao perder por 2 a 1 para o Léon, no México. O bom momento do início da temporada se transformara em um princípio de crise na Gávea.

Mas nada como um clássico contra o Vasco para dar a volta por cima. O jogo começou favorável ao rival, que fez um gol de falta não validado pela arbitragem, mas logo depois fez 1 a 0. Aos poucos o Flamengo foi melhorando, até chegar ao gol de empate, em bela cobrança de falta de Elano. O segundo tempo foi mais equilibrado, com algumas chances para ambos os times, até que aos 44 minutos Gabriel finalizou da entrada da área e marcou o gol da vitória rubro-negra no primeiro clássico dos milhões do campeonato. Uma vitória para afastar qualquer possibilidade de crise do Flamengo no Estadual.  

Na rodada seguinte veio uma vitória tranquila sobre o Madureira por 2 a 0, seguida por outra boa vitória de 3 a 0 contra o Resende, com dois gols de Alecsandro, que brigava pela artilharia com Edmilson, do Vasco. Nesta mesma rodada o Flamengo recuperou a liderança perdida no Fla-Flu, beneficiado pela derrota por 3 a 0 do Fluminense para os reservas do Botafogo. E até o final da Taça Guanabara não mais a perderia. As vitórias sobre Nova Iguaçu (2 a 1) e Bonsucesso (2 a 0), aliadas a tropeços de Flu e Vasco, deixaram o Mengão isolado na liderança e muito próximo de conquistar sua 20ª Taça Guanabara.

  Com os empates de Fluminense e Vasco, na 13ª rodada, o Flamengo teria a chance de conquistar este título com duas rodadas de antecedência, caso vencesse os reservas do Botafogo. E com quase todos os titulares em campo, o Mengão não teve dificuldades para cumprir a tarefa. Com um gol de Gabriel no início e outro de Léo no final do jogo, mais uma Taça Guanabara estava garantida na sala de troféus da Gávea. Esta vitória futuramente garantiu também o Bicampeonato do Troféu Super Clássicos, dado a equipe com mais pontos ganhos apenas nos jogos entre os quatro clubes grandes do Rio.

Com a vaga na semifinal do Estadual garantida e jogos da Libertadores em vista, o Flamengo voltou a escalar reservas e juniores nos confrontos das duas últimas rodadas, contra Bangu e Cabofriense. Diante do time banguense, a garotada da base conseguiu buscar um empate após estar perdendo de 2 a 0, com dois gols de Nixon. E diante do futuro adversário na semifinal, os reservas mostraram sua força ao vencerem por 5 a 3, dando uma prévia do que viria pela frente. O Mengão terminou a Taça Guanabara disparado na primeira colocação, sete pontos à frente do segundo colocado Fluminense e nove à frente do terceiro colocado Vasco. Em quarto, a Cabofriense completou a lista de semifinalistas.

Mesmo com alguns desfalques importantes, principalmente nas laterais, o Flamengo não tomou conhecimento da Cabofriense no jogo de ida da semifinal. O primeiro tempo ainda foi um pouco equilibrado, mas um gol de Everton, após rebote de chute de Hernane, colocou o Mengão na frente. Logo no início do segundo tempo já saiu o segundo gol, em belo toque de calcanhar de Hernane para Paulinho finalizar com precisão na saída do goleiro. O terceiro veio em bela cabeçada de Alecsandro, seu primeiro toque na bola após entrar no 2º tempo. 3 a 0 no placar e vaga na final praticamente já garantida.  

  Mas ainda haveria o segundo jogo, e neste apareceu o talento do jovem argentino Lucas Mugni. Já na primeira metade da etapa inicial ele foi marcando dois gols, o primeiro em chute de fora da área e o segundo em cabeçada na saída do goleiro. No segundo tempo ainda sairiam mais dois gols, de João Paulo, para o Flamengo, e Éberson, fazendo o de honra da Cabofriense: 3 a 1 e vaga na decisão mais que sacramentada. Na outra semifinal o Vasco surpreendeu ao derrotar o Fluminense por 1 a 0, após o
1 a 1 do jogo de ida, e garantiu a volta do clássico dos milhões em uma decisão de Carioca após 10 anos.

Contra um adversário recém rebaixado e com a vantagem de dois empates, o Flamengo entrava como favorito. Mas o desgaste da Libertadores era grande, e o Vasco se aproveitou disso para nivelar a final. O rival entrou com tudo no jogo de ida, e logo aos 11 minutos abriu o placar, em gol de cabeça do zagueiro Rodrigo. O Vasco seguiu melhor na primeira etapa, mas não conseguiu ampliar o placar. A expulsão de Everton Costa, no início do segundo tempo, reascendeu o Flamengo, que empatou o jogo em belo chute de Paulinho de fora da área. O 1 a 1 persistiu até o fim, levando a decisão para o jogo de volta.  

Três dias depois, o Flamengo jogara o jogo da sobrevivência na Copa Libertadores, uma verdadeira decisão contra o León no Maracanã, para decidir quem seguiria para as oitavas-de-final. Infelizmente os mexicanos foram superiores e venceram por 3 a 2, calando 60 mil rubro-negros e criando um clima favorável ao Vasco na decisão do Carioca. Diante de um Flamengo desgastado e desanimado pela eliminação na Libertadores, o Vasco parecia ter a sua grande oportunidade de quebrar um jejum de 26 anos sem vencer o Mengão em decisões. Afinal teve a semana inteira livre apenas se preparando para a grande final.

  Foi uma decisão em que qualquer um que perdesse teria uma derrota muito dolorosa para digerir por muitos meses. E foi dentro desta tensão de parte a parte que o primeiro tempo se desenrolou, com muitos erros e poucas oportunidades de gols para Flamengo e Vasco. O Rubro-Negro jogava fechado, tentando explorar os contra-ataques, mas sempre errava o último passe ou o chute no gol. Já os vascaínos tinham muito mais posse de bola e tomavam a iniciativa do jogo, mas não tinham qualidade o suficiente para furar a forte marcação imposta pelo time do técnico Jayme de Almeida. Assim tivemos um previsível 0 a 0 ao fim do 1º tempo.

Na segunda etapa o panorama não se alterou: muita marcação do Flamengo e poucas oportunidades de gols para ambos os times. Mas as expulsões de Chicão e André Rocha abriram o jogo, até que aos 30 minutos Erazo cometeu pênalti infantil em Pedro Ken. Douglas bateu bem e colocou o Vasco na frente. Seria o fim do tabu? Não! Aos 45 minutos do 2º tempo, Wallace cabeceou bola na trave e no rebote Márcio Araújo fez o gol de empate. O gol do título! Um final épico que coroou mais esta justa conquista de Estadual do Mengão. O melhor time do campeonato foi o campeão. E o Vice segue sendo o vice!  

 

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