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ABERTURA - ENFIM CHEGOU O HEXA


Após 17 anos de espera, o Flamengo enfim voltou a ter o prazer de conquistar um título brasileiro. Mais do que isso, levou o Mengão ao seu sexto título da competição, que volta a se igualar ao São Paulo como o maior vencedor do Campeonato Brasileiro. Neste mega-especial do site Flamengo MTM você saberá tudo sobre essa conquista histórica do Mais Querido, a começar pelo árduo caminho trilhado pelo Rubro-Negro até chegar a glória máxima na competição.

Sempre se falou muito que seria impossível um clube sem estrutura e profissionalismo chegar ao título do Campeonato Brasileiro por pontos corridos. Diante desta afirmação, seria inviável colocar o Flamengo como um dos candidatos ao título antes do início da competição. Clubes como Grêmio, Internacional, São Paulo, Palmeiras, Corinthians e Cruzeiro eram vistos pelos especialistas como os grandes candidatos ao primeiro lugar. Já o Flamengo era visto no máximo como um possível candidado à vaga na Libertadores, graças a contratação do Imperador Adriano, que voltava a jogar futebol após abandonar a carreira dois meses antes.

E o início rubro-negro na competição deu força aos que não aceditavam no Flamengo brigando pelo título. Logo na estreia foi derrotado pelo Cruzeiro, no Mineirão, e na segunda rodada não passou de um 0 a 0 com o então candidado ao rebaixamento Avaí. O time rubro-negro até esboçou uma reação com boas vitórias sobre Santo André e Atlético-PR, mas logo em seguida veio um dos piores momentos do Mengão no campeonato. Contra o Sport, no Recife, abriu 2 a 0 logo no início do jogo, mas em 10 minutos viu o time pernambucano marcar quatro gols e virar o jogo para 4 a 2. No jogo seguinte, sofreu a maior goleada do campeonato: 5 a 0 para o futuro rebaixado Coritiba, com falhas de Bruno em pelo menos três gols do adversário.

Com essas duas derrotas humilhantes, vinha à tona os problemas de relacionamento do técnico Cuca com os jogadores. Mas mesmo diante desse fato, a diretoria rubro-negra resolveu manter o treinador, que respirou no cargo após a goleada por 4 a 0 sobre o Internacional, com três gols do artilheiro Adriano. O time seguiu com uma campanha irregular até chegar a disputa de três jogos consecutivos no Maracanã. Hora da reação? Não. A derrota para o Palmeiras, sucedida pelos empates com Botafogo e Barueri não só afastaram o Flamengo dos líderes, como derrubaram Cuca do cargo. Ninguém sabia na época, mas essa decisão foi o primeiro passo decisivo para a futura conquista do hexa.

Foi a hora do sempre interino Andrade assumir o cargo de técnico do Flamengo, até que a diretoria arrumasse outro treinador para a vaga de Cuca. Mas o Tromba mostrou a sua capacidade, e com as vitórias sobre Santos e Atlético-MG acabou efetivado no cargo. Sábia decisão. Mas nem tudo foram flores. Com vários desfalques a cada rodada, o time foi caíndo cada vez mais de rendimento, e na virada do turno para o returno teve três derrotas consecutivas, para Grêmio, Cruzeiro e Avaí. A pressão pela demissão de Andrade era forte, mas a diretoria se manteve firme e não cedeu. E a partir do momento em que Petkovic virou titular, Álvaro e Maldonado foram contratados e os desfalques voltaram ao time, ninguém segurou mais o Mengão.

  A essa altura muitos já falavam em briga contra o rebaixamento, e o Flamengo mostrou muita competência para derrotar justamente os times que brigavam para não cair e mostrar que seu papel no campeonato iria muito além disso. Santo André, Sport e Coritiba foram derrotados pelo mesmo placar (3 a 0), e os empates sem gols fora de casa contra Atlético-PR e Internacional se juntaram a essas vitórias para iniciar a arrancada rubro-negra. Após a vitória no clássico contra o Fluminense, a zona de rebaixamento já estava numa distância que não preocupava mais a nenhum rubro-negro. Agora era hora de brigar pela vaga na Libertadores.

O empate no último minuto contra o Vitória no Barradão deu moral para o time, e manteve a invencibilidade de sete jogos do Flamengo, que teria pela frente a sua primeira grande decisão para chegar no topo: o tricampeão São Paulo, no Maracanã. Diante de 57 mil pessoas, o time paulista saiu na frente no primeiro tempo ao marcar um gol no contra-ataque. Mas o tempo inteiro o Mengão dominou as ações e merecia a virada. E ela veio na segunda etapa, com o gol de pênalti de Petkovic e outro de Zé Roberto, após bela assistência do sérvio. Era o início do show do maestro rubro-negro no Campeonato Brasileiro.  

  Na sequência, três jogos consecutivos fora de casa colocariam à prova a capacidade do Flamengo de vencer fora do Maracanã. O então líder Palmeiras seria o primeiro adversário nesta sequência, num estádio Palestra Itália lotado de palmeirenses que presenciariam um espetáculo rubro-negro comandado por Petkovic. Primeiro o gringo driblou três adversários dentro da área e colocou a bola no ângulo de Marcos. E para selar de vez a vitória do Mengão ainda fez um gol olímpico no segundo tempo, e ficou nisso: 2 a 0 para o Flamengo, que após derrotar o Botafogo no Engenhão, na rodada seguinte, enfim poderia entrar pela primeira vez no G-4.

Mas aí veio uma ducha de água fria: acomodado diante de um adversário sem pretenções no campeonato, o Flamengo viu o sonho de entrar no G-4 ser adiado com a derrota para o Barueri por 2 a 0, que encerrou a invencibilidade de dez jogos do Mengão. Uma vitória sobre o Santos, no retorno ao Maracanã, era fundamental para manter aceso o sonho da vaga na Libertadores. E com um golaço de cabeça do Imperador a vitória veio, muito em função também dos dois pênaltis defendidos por Bruno, que começava a crescer novamente no momento decisivo. Enfim o Flamengo estava dentro do G-4, e já era possível até sonhar com a liderança.

Mas para começar a sonhar com o hexa, seria necessário superar o Atlético-MG e um Mineirão lotado com 60 mil atleticanos. Mas naquele momento o Flamengo provou que nada poderia para-lo, e com muita personalidade não deu chances para o Galo. Abriu o placar com mais um golaço olímpico de Petkovic, e fez o segundo gol no final da primeira etapa com Maldonado. O gol de Ricardinho no início do segundo tempo parecia que ia colocar o Atlético no jogo, mas o Mengão seguiu melhor e matou o jogo com mais um gol do artilheiro do campeonato Adriano. Os 3 a 1 em Minas mostraram que o hexa poderia deixar de ser apenas um sonho.  

A vitória posterior sobre o Náutico nos Aflitos, com mais uma atuação decisiva de Adriano, colocava o Flamengo na vice-liderança, apenas dois pontos atrás do então líder São Paulo. Na rodada seguinte, após o Tricolor Paulista perder para o Botafogo, bastava uma vitória sobre o Goiás no Maracanã para o Flamengo enfim assumir a liderança. Mas mesmo diante de 80 mil pessoas no Maracanã o time rubro-negro esbarrou na própria ansiedade e não conseguiu furar a retranca goiana. O frustrante 0 a 0 parecia decretar o fim das chances de título do Mengão. Mas ainda faltavam duas rodadas para acabar...


  Na penúltima rodada, o Flamengo foi a Campinas enfrentar um desinterassado Corinthians. E dessa vez o Mengão não deu bobeira, e já foi logo abrindo o placar com um gol de Zé Roberto. Apesar de não ter mais pretenções no campeonato, o time paulista pressionou o Flamengo em busca do empate durante todo o jogo, dando um tom de dramaticidade à partida. Mas no final, Léo Moura bateu pênalti e decretou a vitória por 2 a 0 que levou o Mais Querido à liderança, graças à vitória do Goiás sobre o São Paulo, no Serra Dourada. Faltava apenas vencer o Grêmio no Maracanã para comemorar o tão sonhado título após 17 anos de jejum.

Durante a semana que antecedeu a última rodada, muito se falou da possibilidade do Grêmio entregar o jogo, para impedir que o arqui-rival Internacional pudesse conquistar o título. E essa especulação foi crescendo a cada desfalque anuciado no time gaúcho para o jogo. Mas com a bola rolando, a garotada gremista mostrou que não ia dar ouvidos à própria torcida. Diante de um Flamengo apático e ansioso, abriu o placar na metade do primeiro tempo, com Roberson. Mas a festa para o hexa rubro-negro estava armada, e o time não iria decepcionar os 85 mil torcedores que lotaram o Maracanã.  

  O empate veio ainda no primeiro tempo, com Adriano ajeitando de peito dentro da área para o zagueiro David chutar para o fundo das redes. No intervalo, a bronca do técnico Andrade no time fez toda a diferença. Mais ligado e jogando com muito mais disposição, o Mengão dominou as ações no segundo tempo, e foi desperdiçando oportunidades de gol. Até que num escanteio magistralmente cobrado por Pet, Ronaldo Angelim se antecipou ao goleiro e de cabeça marcou o gol do título. Depois de 17 anos de espera, de muito sofrimento, de lutas contra o rebaixamento e tentativas fracassadas de chegar ao título, enfim a Nação Rubro-Negra pode gritar: HEXACAMPEÃO!!!


 

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