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Pra festa ser completa

Vendo o jogo da Seleção Brasileira no Serra Dourada ficou claro algo que já pude constatar in loco por diversas vezes em jogos da própria Seleção Canarinho. Torcedor da Seleção é bem diferente do torcedor de clube e um fator fundamental ao espetáculo fica faltando nas arquibancadas: torcida organizada.

Não sou membro de torcida organizada e não as vejo como grupos que só produzem benfeitorias, mas também não posso deixar de dar crédito às belezas que ouço e vejo nos estádios. Vou focar na parte positiva e também colocar o dedo na ferida em alguns aspectos.

Contrapor jogos de Seleção com jogos de time com relação à torcida chega a ser covardia. Torcedor de Seleção é composto por muitas pessoas que sequer costumam frequentar os estádios. Os preços proibitivos dos ingressos nos últimos anos agravaram ainda mais este distanciamento. Além disso, durante a partida, se limita a gritar gol, cantar "Lê Leleô Brasil" por duas vezes e fazer a "ola" por outras duas vezes. Não muito mais.

Já nas partidas dos times o movimento da torcida é diferente. Existem grupos que permanecem cantando de pé o jogo inteiro. Criam novas músicas constantemente, seja adaptando um funk, um axé ou até músicas do rei Roberto Carlos. Além disso, levam bandeiras, luminosos e até criam belíssimos mosaicos. Mas tudo isso só é possível com organização. Uma pessoa não consegue entoar seu grito no estádio, mas mil pessoas conseguem ser ouvidas e repetidas.

Mas claro que nem tudo são flores. O ideal da torcida organizada é muito bonito e utópico, de certa forma. Pena que muitas tenham se desvirtuado e perdido o rumo no principal objetivo de apoiar o time. Interesses pessoais acima do coletivo levam a intromissões na vida política do clube e guerras com outras torcidas até do mesmo time transformam um grupo que deveria ficar restrito as arquibancadas em verdadeiras facções criminosas.

O mosaico do Pet no Engenhão foi mais uma mostra de como a organização pode render belos espetáculos. E cabe a reflexão as autoridades que a extinção das torcidas organizadas não necessariamente acabará com a violência nos estádios. Existem torcidas que propagam o bem e são parte fundamental para a beleza do espetáculo.

Pelo lado da Seleção cabe uma reflexão também. Se esta vai ser a torcida do escrete canarinho na Copa, o Brasil vai jogar em casa, mas não vai se sentir em casa. Vaiar, gritar "olé" para o adversário e ficar pedindo por um reserva num jogo em que jogamos melhor do que um adversário que atravessa um momento melhor do que o nosso (vide a última Copa e o ranking da FIFA) são atitudes prejudiciais. Se não é possível organizar, pelo menos podemos mudar ter uma atitude mais positiva.

Por Marcus Kimura, engenheiro de computação


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