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Atalho para Libertadores?

É normal ouvirmos que a Copa do Brasil é o caminho mais curto para a Libertadores. Mas peraí? Quer dizer que a segunda competição mais importante do país é um mero atalho para a competição sulamericana? Valorizo a competição sulamericana e me recuso a pensar desta forma sobre a competição nacional. Um prêmio a mais não pode ser o prêmio principal do título da Copa do Brasil.

Da década de 90 em diante os times brasileiros passaram a valorizar muito o título da Libertadores. Após muitas décadas de descaso e priorização de estaduais e campeonatos nacionais, o torneio sulamericano se tornou o principal desejo de cobiça e obsessão para muitos clubes. As conquistas de alguns times e rivais só inflamaram ainda mais a disputa pela taça.

Obviamente não vou desmerecer e nem ir contra o valor da Libertadores. Assim como a Liga dos Campeões é o principal torneio europeu (em todos os sentidos, tecnicamente, financeiramente, etc), a Libertadores tenta reproduzir em território americano a pompa da Liga. Claro que sem o dinheiro e sem a organização dos europeus.

Já a Copa do Brasil sempre teve o seu papel de integrador nacional. Possibilita a times inexpressivos como o Horizonte-CE ter os seus minutos de fama e até aprontar pra cima dos principais times do Brasil. Além disso, sempre reservou clássicos emocionantes nas fases finais entre as principais forças do futebol nacional.

A desvalorização da Copa se passa até pelo jeito como ela está sendo organizada. Usando as mesmas datas da Libertadores, o que impossibilita a participação dos times nas duas competições. Acaba virando um torneio de acesso mesmo. Esta estratégia limita a participação de quatro a cinco times grandes na competição nacional. O que empobrece tecnicamente e diminui o interesse do público.

O que deveria ser pensado e feito nos próximos anos seria adequar ao calendário um torneio nacional no formato de copa com a participação de todos os times da série A do Brasileirão, além dos campeões estaduais. Um torneio forte, com mais datas e no formato que muitos brasileiros preferem: o mata-mata. Seja aumentando a quantidade de datas ou fazendo com que os times da Libertadores entrem nas fases mais avançadas.

Caso contrário poderia ser feita uma mudança no nome da competição. Ao invés de chamar-se Copa do Brasil (ou Copa Kia do Brasil respeitando o naming rights), a deste ano poderia se chamar Eliminatórias para a Libertadores 2012. E até o troféu não precisaria ser entregue. Afinal, o que vale mesmo é a vaga e não a taça.

Por Marcus Kimura, engenheiro de computação


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