Passado recente e otimismo
A semana que antecedeu o jogo entre Flamengo
e Corinthians foi complicada. Mudança de comando
no clube, com demissão do vice-presidente de futebol
Marcos Braz, do treinador Andrade e do Diretor Executivo
Eduardo Manhães. Notícias de que o grupo,
insatisfeito com as mudanças, não jogaria
para ganhar na quarta, e uma pesquisa dizendo que a torcida
corinthiana se aproximava da torcida do mais querido,
considerando ainda (e absurdamente) um empate técnico
entre as duas.
Ora, mudanças são necessárias. A
organização e o profissionalismo são
necessários para que os resultados cheguem e, caso
não venham a acontecer, possam ser cobrados. Como
cobrar de um vice-presidente de futebol resultados se
ele trabalha de graça? Tudo bem que as razões
das mudanças foram mais políticas, mas era
sabido que o futebol do Flamengo era tratado com amadorismo
absurdo.
Em meio a tantas mudanças, me vi sem chão.
Não sabia para onde olhar, o que fazer. Precisava
buscar forças de algum lugar para seguir em frente.
E me voltei ao passado recente para tirar algo de positivo
de todos os acontecimentos recentes e mudanças
feitas pela nossa presidente, Patrícia Amorim.
Em 2007 e em 2008 o Flamengo se classificou “tranquilamente”
para as oitavas de final da libertadores, em primeiro
do grupo. Entre os jogos do mata-mata, teve pela frente
o Botafogo na final do Campeonato Carioca e se sagrou
campeão para, três dias depois, ser desclassificado,
em um ano contra o Defensor, do Uruguai, em outro contra
o América, do México, em uma das maiores
vergonhas do passado recente do time.
Em 2010, tudo é diferente. O Carioca é passado,
com o Botafogo campeão de ambas as taças,
sem necessidade dos jogos finais. Os fins de semana sem
jogos não causam o desgaste que causaram em outros
anos e, como o Flamengo não levantou a taça
do estadual desse ano, não há oba-oba. O
Flamengo tinha tudo para conquistar um bom resultado diante
do Corinthians, em casa, e jogar com o regulamento debaixo
do braço em São Paulo, no jogo de volta.
E aconteceu.
Com tantas questões assolando o clube da gávea,
muitos torcedores ficaram apreensivos, não sabiam
o que fazer. A única certeza era que os jogadores
precisavam de nós e, como sempre, não decepcionamos.
A procura por ingressos começou no sábado
(para sócios) e se estendeu até quarta-feira,
com a torcida comparecendo em massa e apoiando o time
durante todo o jogo. Após a expulsão de
Michael (muito infantil, por sinal, jogando uma grande
chance fora), os corinthianos puderam comemorar por alguns
minutos estar com um jogador a mais em campo, mas apenas
por alguns minutos.
Só alguns minutos sim, pois os dez guerreiros que
ficaram em campo jogaram como se fossem onze. Não
havia bola perdida, o time todo correu em dobro mesmo,
com raça, amor e paixão. A zaga foi impecável
em uma noite que Ronaldo não produzia nada e, em
lance ou outro, parecia atuar mais como zagueiro que atacante.
Juan conseguiu um pênalti, bem convertido pelo Imperador,
que voltou a ter bela atuação. E poderia
ter se consagrado, em cabeçada que, se a bola entra,
mataria o jogo. O time teve a tranqüilidade de segurar
o resultado importantíssimo para poder viajar à
São Paulo com a vantagem do empate.
Segundo os torcedores do Corinthians, o 1 a 0 do jogo
no Rio de Janeiro é considerado empate técnico,
pois no Pacaembu farão valer a força da
torcida para chegar à vitória. Tudo bem,
pois um gol na casa deles praticamente assegura a vaga
do Flamengo na competição, haja vista que,
a partir daí, o time pode até perder por
um gol de diferença. Afinal, é como se fosse
empate técnico, também.
Hora de treinar, concentrar, treinar, concentrar. Conquistar
a vaga na próxima fase para, provavelmente, nos
vingarmos dos chilenos da Universidad de Chile, que venceu
fora de casa e já encaminhou bem a classificação.
Vamos Mengo, Avante Mengo! Nosso time é forte.
Por João Mayworn, escrituário
de Secretaria Estadual