Prêmio de consolação
O Flamengo sofreu, mas com um gol no finzinho
conquistou o seu 33º título estadual. Apesar
de um gol irregular ter decidido o campeonato, a conquista
rubro-negra foi mais que merecida. Fizemos a melhor campanha
disparada, o que inclusive nos permitiu ter a vantagem
de dois empates na decisão contra o Vasco. E o
clube levou a sério o Carioca o tempo inteiro,
ao contrário de muitos torcedores que só
o fizeram no último jogo, após a vexatória
eliminação da Libertadores. Não tenha
dúvida que este título é bem menos
deles e muito mais da minoria de rubro-negros que, como
eu, sempre teve muita vontade de conquistar esta taça
mais uma vez.
Mas em uma coisa tenho de concordar com
a maioria: no final das contas esta conquista acabou sendo
um prêmio de consolação. Mesmo quem
não desvaloriza ou menospreza o Campeonato Carioca
não é louco de acha-lo mais importante do
que a Copa Libertadores. Sem dúvidas a competição
sul-americana tem cem vezes mais relevância que
o torneio estadual. Acho que isso nem precisaria ser escrito.
E esta enésima queda precoce na Libertadores ainda
dói muito nos corações dos rubro-negros.
A cada participação frustrada o sonho do
Bi continental parece mais distante. A dolorosa verdade
é que o Flamengo não consegue ser grande
no cenário sul-americano como é no nacional
e estadual.
Qualquer adversário boliviano, equatoriano
ou mexicano vem para o Maracanã lotado e não
toma conhecimento do Flamengo. Jogam leves, com personalidade,
impondo o seu jogo. Em outras palavras: eles não
respeitam o Mengão, no bom sentido da expressão.
Ao passo que o próprio Flamengo não consegue
se impor diante destes adversários. Sempre falta
alguma coisa: À vezes organização
tática, às vezes tranquilidade, às
vezes qualidade técnica e até um pouco mais
de sorte mesmo. O fato é que nunca conseguimos
chegar tão longe na Libertadores quanto o clube
e a torcida merecem. É a nossa grande frustração
pós “Era Zico”.
Do fracasso deste ano, fica a lição
de que não dá para disputar uma competição
deste calibre com um técnico inexperiente. Jayme
não é um treinador ruim, porém ainda
tem muito o que evoluir para comandar um Flamengo em Libertadores.
Não pode ficar engessado sempre no mesmo esquema.
Faltou também montarem um time mais forte. Mais
uma vez Wallim e Pelaipe foram incompetentes neste aspecto,
especialmente no “caso Elias”. Ficaram três
meses enrolando o Sporting com uma proposta ridícula
(1,5 milhões de Euros) que nunca seria aceita,
e não correram atrás de um substituto à
altura do craque do time em 2013. Sem dúvidas fizeram
um elenco mais numeroso do que no ano passado, mas faltou
fortalecer o time titular.
Apesar de tudo, vou comemorar muito este
título carioca, vestir o manto sagrado a semana
toda e curtir com o nosso velho freguês vice de
novo. Mas que esta conquista não iluda a diretoria
e nem a torcida, que não achem este time está
bom para o Campeonato Brasileiro. Precisamos de quatro
ou cinco reforços de alto nível para o time
titular. Não falo em grandes estrelas, tipo Robinho
ou Kaká, e sim contratações pontuais,
como foi a do Elias. Sempre há ótimos jogadores
dando sopa no mercado europeu. É só ter
competência para busca-los. Sem estes reforços,
certamente faremos mais uma campanha ruim no Brasileirão,
como em 2012 e 2013. Precisamos voltar a brigar por este
título!
Por Daniel Marques,
editor-chefe do site Flamengo MTM