Ousadia e alegria
Para início de conversa nesta primeira
coluna de 2014, confesso que esperava mais da atual diretoria.
Esperava soluções muito mais criativas e
inovadoras de homens que são considerados empresários
muito bem sucedidos em suas áreas profissionais.
Pagar as contas em dia e manter as dívidas sob
controle parece um luxo para um clube pessimamente administrado
desde sempre. Mas na prática não passa de
uma obrigação que só agora está
sendo cumprida à risca por uma administração.
É o mínimo que se esperava deles. Na realidade
está faltado um algo mais, um diferencial que levará
o Flamengo a um novo patamar no futebol brasileiro e mundial.
Temos em 2014 a grande oportunidade de retornar
a este patamar superior. De voltar aos tempos em que éramos
o clube mais temido e vitorioso do Brasil. De conquistar
novamente a América e ter a chance de voltar ao
topo do Mundo. Vamos participar este ano da Libertadores
menos difícil dos últimos tempos. Vários
clubes de peso do futebol sul-americano, como São
Paulo, Internacional, Corinthians, Santos, Boca Juniors,
River Plate, Estudiantes, Olímpia, Libertad, Colo-Colo,
Universidad Católica e LDU, estão fora desta
edição. E até mesmo os grandes do
México, como América, Chivas, Monterrey,
Pachuca e Cruz Azul, também ficaram de fora.
Numa análise inicial dos participantes
deste ano, vejo apenas Cruzeiro e Atlético-MG com
times muito superiores ao Flamengo atual. Os outros no
máximo são ligeiramente melhores. Até
mesmo o Grêmio está perdendo jogadores importantes
e deverá ir bem enfraquecido para esta Libertadores.
Fez um investimento muito alto em 2013 sem ganhar nada,
e agora a conta está chegando. Já Botafogo
e Atlético-PR são meros coadjuvantes numa
competição deste porte. No mais, os argentinos
Vélez e Newell’s e os uruguaios Peñarol
e Nacional podem dar trabalho, mas diante de um Flamengo
forte deverão ser superados sem problemas.
Daí é que vem a grande oportunidade
que estamos desperdiçando. Até o momento
só temos um reforço contratado (Everton)
e outro encaminhado (Léo). E ambos não chegam
a empolgar, em princípio são apenas boas
opções de elenco. As perdas de Elias, Luiz
Antonio e Marcelo Moreno têm muito mais peso que
a chegada destes dois reforços. Vamos para a pré-temporada
com um time ainda mais limitado que o de 2013. Na minha
opinião estão exagerando nesta “política
de pés no chão”. Como grandes empresários
que são, eles deveriam saber que nenhuma empresa
consegue se desenvolver e crescer sem fazer investimentos
arriscados em momentos oportunos. E o momento de investir
no futebol do Flamengo é agora!
Caso consigam montar um time/elenco forte
para esta Libertadores, seremos um dos grandes favoritos
ao título. E caso este título venha, virão
junto uma enormidade de receitas. O número de sócios
torcedores mais que dobraria, muitos iriam aderir a planos
mais caros só para garantir seu lugar no Maracanã
para a decisão. A venda de produtos oficiais bateria
recordes, sem falar no bônus por título da
Adidas, nas cotas extras da Globo e nos prêmios
da Conmebol. Fariam um alto investimento agora para ter
um retorno técnico inigualável com um título
internacional, além de recuperar grande parte do
dinheiro investido com todos os fatores que citei.
Isso é ter tino empresarial. Muito
me surpreende que esta diretoria não tenha esta
mesma visão que eu, um simples torcedor e leigo
em administração, estou tendo. Parece-me
algo óbvio até demais. Parafraseando um
famoso cantor da atualidade, eu diria que falta “ousadia
e alegria” a este grupo de “notáveis”
que hoje administra o Flamengo. Caso não demonstrem
agora a competência que todos esperavam deles, deixarão
passar a grande oportunidade de marcar seus nomes na história
do Flamengo e garantir a continuidade no poder por vários
mandatos. Essa Copa Libertadores 2014 tem tudo para ser
nossa. Basta Bandeira, Bap, Wallim e cia. quererem.
Por Daniel Marques,
editor-chefe do site Flamengo MTM