Do céu ao inferno
Incrível como o futebol e o Flamengo
não param de me surpreender. Como conseguimos ir
do céu ao inferno em menos de um mês? No
fim de novembro tudo era festa para a nação
rubro-negra. Surpreendemos a todos ao conquistar a Copa
do Brasil, três dias depois de vencer o Corinthians
e escapar matematicamente do rebaixamento no Brasileirão.
Tínhamos a expectativa do Botafogo fracassar mais
uma vez e ficar de fora da Copa Libertadores, e de Vasco
e Fluminense caírem para a Série B. Um final
de ano perfeito se anunciava... Só que não!
O céu de brigadeiro começou
a ruir com a entrada do Botafogo no G4 na última
rodada e o fracasso da Ponte Preta na final da Copa Sul-Americana,
que classificou o Alvinegro para a Libertadores 2014.
Já não seríamos o único carioca
a desbravar a América no ano que vem. Depois veio
a interferência do tapetão que mais uma vez
livrou o Fluminense do rebaixamento, ao tirar quatro pontos
da Portuguesa por supostamente escalar um jogador suspenso,
num jogo de pouca importância na última rodada.
Se fossem apenas estes fatos nem seria tão ruim,
danem-se os rivais. O problema é que o próprio
Flamengo resolveu contribuir para estragar nosso final
de ano.
Para que escalar um jogador que corria o
risco de estar suspenso, num jogo praticamente amistoso?
De troca de faixas? Que ganhar, empatar ou perder não
faria nenhuma diferença? Porque não consultaram
a CBF ou o STJD antes de decidir a escalação
de André Santos? Ou ao menos consultar o advogado
do clube Michel Assef Filho, que já deixou bem
claro que não recomendaria a escalação?
Cometeram um erro absurdo, por pura arrogância e
prepotência. Por se acharem acima de tudo e de todos.
Um dos maiores erros da história do Flamengo. Perdemos
quatro pontos no tapetão à toa, e só
não estamos lamentando agora um inédito
rebaixamento devido ao mesmo erro cometido pela Portuguesa.
Nosso advogado até foi brilhante
na sua defesa em primeira instância no STJD. Um
júri mais isento talvez absolvesse o Flamengo,
visto que ficou comprovado de que há diferentes
interpretações da lei que dariam condição
de jogo ao André Santos. E com respaldo das regras
da Fifa. Porém os julgadores foram ao tribunal
com seus votos já prontos, para condenar Portuguesa
e Flamengo independente dos argumentos da defesa. Um absurdo
total. Porém algo pelo qual não deveríamos
estar passando se tivéssemos uma diretoria mais
humilde e profissional.
E se tínhamos alguma chance de absolvição
no Pleno do STJD, esta chance praticamente acabou após
o estúpido vazamento de e-mails de dirigentes e
advogado tratando sobre o caso. Como um jurado pode absolver
um clube que praticamente admite culpa? Que admite que
é muito difícil escapar da punição?
Que ataca o tribunal por motivos políticos? Que
admite que a estratégia de defesa é confundir
os jurados? Pois tudo isso estava nos e-mails que o dr.
Walter D’Agostino deixou vazar para terceiros e
foi parar nas mãos de um jornalista ligado ao Fluminense.
Amadorismo total do segundo indivíduo na hierarquia
oficial do Flamengo.
Para fechar o festival de trapalhadas da
diretoria “séria” e “profissional”,
eis que Luiz Antonio entra na Justiça pedindo a
rescisão de seu contrato com o Flamengo e mais
uma indenização de R$ 10 milhões.
A diretoria alega que não há nenhuma dívida
com o jogador, mas seu empresário garante que a
dívida existe. Afirma também que desde julho
vinha tentando conversar com Wallim e Pelaipe para buscar
um acordo, e foi ora ignorado, ora desdenhado pelos dirigentes
do futebol. Discursos totalmente conflitantes, mas diante
dos fatos recentes, prefiro acreditar no empresário.
Esse tipo de atitude soberba é típico das
pessoas que hoje comandam o Mengão. E tome a imagem
do clube sendo arranhada num momento de buscar reforços
para 2014.
Por falar em reforços, a cada dia
o discurso da diretoria à respeito vai mudando,
e para pior. Logo após o título da Copa
do Brasil, Wallim Vasconcellos prometeu que investiria
no time para a Copa Libertadores, com ao menos quatro
reforços gabaritados. Mas aos poucos foram surgindo
nomes ridículos, como Rodrigo Souza, Feijão
e Rildo, e agora o discurso já é outro totalmente
diferente. Mesmo admitindo ter mais dinheiro que em 2013,
o mesmo Wallim agora afirma que não gastarão
para fazer contratações, e que só
poderá contratar por empréstimo. Acho até
possível conseguir um ou dois jogadores gabaritados
por empréstimo (como foi com Elias), mas isso é
muito pouco para brigar pelo título da Libertadores.
E com tudo isso, um final de ano que era
para ser de total alegria para os rubro-negros acabou
se tornando um pesadelo. As chances são remotíssimas,
mas podemos até terminar o ano com o Flamengo rebaixado,
após os julgamentos do dia 27. Perdendo um titular
importante na conquista da Copa do Brasil (eleito o melhor
jogador da final). Com pouca perspectiva de ter um time
forte para brigar pelo Bi continental. E com alvinegros
e tricolores fazendo a festa por suas “conquistas”.
Resta torcer para que com a mesma velocidade em que tudo
mudou para pior em dezembro, que mude para melhor em janeiro!
Por Daniel Marques,
editor-chefe do site Flamengo MTM