Dura realidade
Antes do clássico deste último
domingo, minha intenção era escrever uma
coluna elogiando a evolução do time após
a saída de Mano Menezes e a efetivação
de Jayme de Almeida. Mas não há como manter
esta ideia após assistir o festival de horrores
protagonizado por Flamengo e Vasco no Mané Garrincha.
Foi um jogo para fazer a torcida rubro-negra voltar à
realidade após um rápido momento de euforia.
Como bem disse o Jayme na coletiva após a partida,
nossa briga no Brasileirão é para escapar
do rebaixamento. Ponto. Pensar em algo além disso
é cair no “oba-oba” típico do
torcedor do Flamengo quando qualquer bom resultado acontece.
Nosso time é limitado, não tem qualidade
para fazer uma arrancada no campeonato como em outros
anos.
A grande prova disto foi esta partida contra
o rival. No primeiro tempo até que o Flamengo foi
superior, marcando a saída da bola do Vasco e criando
algumas oportunidades de gol, mesmo sem ser brilhante.
Assim acabou saindo na frente no placar, após falha
da defesa adversária. Mas no segundo tempo Dorival
Júnior acertou seu time com as entradas de Willie
e André, e conseguiu chegar ao empate com justiça.
Poderia até ter virado o jogo, diante de um Flamengo
que se mostrou perdido na maior parte desta segunda etapa.
Mas, para nossa sorte, o Vasco também esbarrou
nas suas enormes limitações e pouco ameaçou
o gol de Paulo Victor. Jayme demorou demais para fazer
as substituições, e acabou errando ao entrar
com Gabriel, que há muito tempo não emplaca
uma boa partida. Se Rafinha tivesse entrado mais cedo
o resultado poderia ter sido diferente.
Por isso acho muito precipitado que já
comecem a pensar em manter Jayme de Almeida para 2014.
Para mim ele só deve permanecer caso conquiste
a Copa do Brasil. Simplesmente porque, neste caso, não
haveria clima para sua saída. Caso contrário
prefiro que ele volte a ser o auxiliar técnico.
E se resolver seguir a carreira de treinador, que seja
feliz em outro clube. O trabalho desse tipo de treinador
com raízes rubro-negras normalmente só dá
certo em curto prazo. São mais motivadores do que
técnicos. Basta ver os exemplos de Carlinhos e
Andrade, nunca fizeram um trabalho de longo prazo no Flamengo.
O Violino sempre chegava, levava o time ao título
e saía pouco tempo depois. Andrade tentou permanecer
após o Hexa, e seu trabalho foi um desastre em
2010.
Para um trabalho em longo prazo o Flamengo
precisa de um técnico mais gabaritado, que ajude
a diretoria na reformulação do elenco para
2014. Um cara que conheça bem o mercado e possa
indicar os reforços certos para as posições
certas. Posso estar muito enganado, mas não vejo
essa capacidade no Jayme de Almeida. Um cara que considera
o Welinton um bom zagueiro definitivamente não
entende tanto assim de futebol. Mais uma vez o barato
pode sair caro para o Flamengo, estarão cometendo
o mesmo erro de quando contrataram o Jorginho. Um grande
time precisa de um grande técnico. É só
ver o exemplo recente do timaço do Internacional
com o fraquíssimo Dunga.
Pensando ainda em 2013, acho fundamentais
os próximos três jogos para o futuro rubro-negro
na temporada. Precisamos somar ao menos sete pontos nas
partidas contra Inter, Botafogo e Bahia no Maracanã.
Desta forma chegaremos aos 41 pontos e o risco de rebaixamento
praticamente acabará. Seria importante poder priorizar
a Copa do Brasil, poupando os jogadores mais desgastados
nos jogos do Brasileirão. Seria uma enorme vantagem
em relação aos rivais na disputa pelo título.
Caso contrário acho pouco provável que o
Flamengo possa realizar este sonho, ainda mais com o elenco
limitado que temos.
Por Daniel Marques,
editor-chefe do site Flamengo MTM