A grande crise
Primeiramente eu gostaria de deixar bem
claro mais uma vez que não sou oposição.
Não faço parte da turma da Patrícia,
do Jorge ou do Capitão Léo. Muito pelo contrário.
Vejo com muita tristeza e lamentação esses
grupos que perderam o poder começarem a se articular
em meio ao péssimo momento do Flamengo. Isto torna
ainda mais difícil para a atual diretoria tocar
o barco furado que estes mesmos indivíduos deixaram
para eles. Mas ao mesmo tempo isto só está
acontecendo devido aos vários equívocos
que os azuis estão cometendo, especialmente no
futebol rubro-negro. Criaram uma grande crise que agora
terão que contornar.
Eu me arrisco a dizer que esta é
a maior crise da história do Flamengo. Caso esta
diretoria fracasse, estaremos perdendo a nossa única
chance de reestruturar o clube e coloca-lo no rumo da
modernidade, do profissionalismo e da responsabilidade
fiscal. Se permitirá que os mesmos bandidos que
criaram esta dívida bizarra de R$ 750 milhões
voltem ao poder e completem o serviço de destruir
a grandeza do Mengão. E infelizmente a arrogância
e a soberba têm imperado em várias áreas
de comando da atual diretoria, especialmente no conselho
gestor e no departamento de marketing. Tem muita gente
lá se achando superior, acima do bem e do mal.
E isso é o caminho certo para o fracasso.
O grande exemplo desta situação
lamentável são as frases estúpidas
que mandaram colocar no placar eletrônico do estádio
Orlando Scarpelli, na derrota vexatória diante
do Náutico. Insistem com esta atitude discriminatória
de colocar o sócio-torcedor acima dos outros torcedores
e até dos sócios do clube. Como assim só
pode cobrar da diretoria quem aderir a este programa?
Por acaso existe um clube no mundo com 40 milhões
de sócios-torcedores? Então aquele rubro-negro
da favela que mal tem dinheiro para sobreviver é
menos Flamengo do que aquele de classe média que
pode facilmente aderir ao Nação Rubro-Negra?
E o pior disso tudo é que ainda tem
“torcedor” que concorda com esse discurso
lamentável e dissemina essa segregação.
Se acham “os caras” só porque tem entre
R$ 39,90 e R$ 199,90 por mês para dar de “dízimo”
ao Flamengo. Pois este projeto de ST não passa
disso mesmo. É um híbrido entre o programa
de relacionamento criado pela Patrícia em 2012
e o programa “Por um futebol melhor” da Ambev.
Com muito poucas vantagens para o torcedor, que tende
a abandonar o barco caso as coisas não dêem
certo dentro de campo, como acontece atualmente. A única
forma de fidelizar este sócio-torcedor é
dando a ele vantagens além de apenas “ajudar
o Flamengo”. Conheço muita gente com boas
ideias para melhorar esse projeto, mas falta humildade
na diretoria para ouvi-los.
O trabalho no futebol tem sido totalmente
equivocado nestes primeiros seis meses de gestão.
Erraram muito mais do que acertaram. É chegada
a hora do conselho gestor calçar as sandálias
da humildade e admitir que errou. Ninguém é
perfeito, erros acontecem em toda gestão de todo
o clube, até nos mais vitoriosos. Cabe aos administradores
reconhecerem seus erros e atuarem para conserta-los. Para
mim devem rever todo o planejamento do futebol. Contrataram
o diretor de futebol errado, o técnico errado e
muitos jogadores errados. Mudanças são fundamentais
neste momento. Não podemos ter resultados no futebol
tão ruins quanto os da terrível administração
Patrícia Amorim. 90% da torcida tende a mudar de
lado facilmente caso esses vexames persistam.
Não podemos deixar que todo o trabalho
bem feito em outras áreas seja perdido devido a
um trabalho mal executado no carro-chefe do clube. Tem
de haver um equilíbrio entre cumprir com as obrigações
financeiras e ter um time competitivo, que ao menos faça
uma campanha digna nas competições que disputa.
Para tanto, precisamos de um vice de futebol que tenha
experiência no meio. De um diretor de futebol que
faça contratações de verdade, que
realmente possam melhorar a qualidade do elenco. E de
um técnico gabaritado, que saiba organizar um time
e trabalhar sob pressão. Chega de dirigentes de
mentirinha e técnicos estagiários. Isso
aqui é Flamengo porra!
Muito se espera desta diretoria, com grandes
administradores de vida bem sucedida no mundo empresarial.
Mas em muitas situações dá a impressão
de que não houve nenhum planejamento prévio
para tocar um Flamengo em frangalhos. Não é
possível que a única nova fonte de receita
que eles têm para o futebol seja este sócio-torcedor
muito mal feito e muito mal trabalhado junto ao torcedor.
Eu sinceramente esperava muito mais deles. E continuo
esperando e torcendo para que consigam se acertar ainda.
A sobrevivência do Flamengo como grande clube depende
disso.
Por Daniel Marques,
editor-chefe do site Flamengo MTM