Dor e esperança
Definitivamente ser Flamengo na atualidade
envolve sentimentos opostos em relação a
nossa grande paixão. Nesta última semana
foi anunciado o tamanho do rombo financeiro iniciado com
Luís Augusto Velloso, passando por Kleber Leite,
Edmundo Santos Silva, Helio Ferraz, Márcio Braga
e por último, e não menos importante no
processo, Patrícia Amorim. Todas estas administrações
irresponsáveis e nocivas ao clube deixaram uma
dívida que pode chegar aos R$ 750 milhões.
A primeira reação que tive ao tomar conhecimento
desta informação foi de dor e desespero,
além de um certo instinto assassino pelos nomes
acima.
Mas horas depois a atual diretoria deu uma
coletiva para explicar a dívida e fazer um balanço
dos primeiros 100 dias de sua gestão. E após
ouvir tudo o que já fizeram e que ainda pretendem
fazer meu sentimento mudou totalmente. Dá gosto
de ver que depois de passar por tanta m... nos últimos
20 anos enfim o Flamengo está sendo administrado
por profissionais gabaritados, que estão trabalhando
sério para reverter a situação ruim
que deixaram para eles. A credibilidade que eles passam
me dá muita esperança de dias melhores.
É lógico também que
o trabalho que realizaram até agora não
é perfeito, existem grandes acertos e alguns erros
pontuais. O principal mérito destes três
meses e meio de gestão vem da parte jurídica
e financeira. Ambas as pastas vem fazendo um trabalho
brilhante, que resultou principalmente na conquista das
CND e no equacionamento de várias dívidas
que causavam penhoras. É exatamente o trabalho
de excelência nestas áreas que me deixa mais
tranquilo em relação à dívida
recorde que alcançamos. Como eles mesmos deixaram
bem claro, o trabalho é árduo, mas passo
a passo conseguirão matar este monstro e salvar
o mocinho.
Mas para alcançar o que talvez seja
a maior vitória da história do Flamengo
nós precisamos de um trabalho melhor em duas pastas
que estão deixando a desejar até o momento:
futebol e marketing. Sem novas receitas é impossível
pagar a dívida e ao mesmo tempo manter o Mengão
entre os grandes do futebol brasileiro. As duas coisas
estão diretamente ligadas: time forte e vitorioso
gera muitas receitas, e vice-versa. E até agora
o que vemos é um time limitado e um marketing que
ainda não engrenou. Concordo que o programa Nação
Rubro-Negra tem potencial para ser o maior Sócio-Torcedor
do Brasil e um dos maiores do mundo, porém não
neste formato e com os (poucos) benefícios atuais.
E discordo dessa estratégia agressiva de praticamente
obrigar o torcedor a aderi-lo para poder cobrar resultados
e “salvar” o clube.
Já no futebol o grande erro foi a
contratação de Jorginho. Conseguiu a proeza
de em poucas semanas estragar totalmente o trabalho do
antecessor Dorival Júnior, que nem era dos melhores.
Se antes ao menos tínhamos um time base e uma forma
de jogar, hoje ninguém sabe qual será o
time do jogo seguinte e como os jogadores se portarão
em campo. Definitivamente não era o momento ideal
para se apostar num técnico principiante. Só
espero que percebam à tempo o erro que cometeram,
caso contrário a temporada inteira estará
comprometida, ou até mesmo perdida. Seria bom também
que o Wallim parasse de dar declarações
impulsivas, que possam causar constrangimentos desnecessários.
Apesar destas críticas ao que não
vai bem, minha expectativa é de que tudo acabe
dando certo no final. Vale lembrar que a maioria destes
profissionais nunca trabalhou num clube de futebol, e
por mais competentes que sejam podem levar um tempo para
se adaptar a esta nova realidade. Uns conseguem isto mais
rapidamente, outros não. O mais importante é
que são todos rubro-negros como nós, que
estão lá para fazer o melhor para o Flamengo.
Capazes de transformar um dia de dor num dia de esperança.
Por Daniel Marques,
editor-chefe do site Flamengo MTM