Dois Flamengos
Nesta última semana as boas notícias
voltaram a aparecer no Flamengo. Em apenas três
meses a diretoria conseguiu todas as CND, algo que para
muita gente seria praticamente impossível ou levaria
anos para ser alcançado. E o programa de sócio-torcedor,
mesmo sendo muito fraco, atingiu a ótima marca
de 15 mil adesões em menos de duas semanas. Isso
mostra a confiança de muitos torcedores na atual
gestão e a disposição deles em ajudar
o Flamengo mesmo sem ter praticamente nada em troca. Se
tivéssemos um time mais competitivo, que passasse
ao torcedor uma expectativa maior de títulos em
2013, certamente esse número de adesões
seria ainda maior.
É nessa situação contraditória
que o torcedor rubro-negro vive no momento: vê alguma
evolução no trabalho realizado fora de campo,
mas dentro de campo o desempenho é tão ruim
quanto na gestão anterior. Logo em seu discurso
de posse, o presidente Eduardo Bandeira de Mello deixou
bem claro que prioridade número 1 da sua gestão
seria colocar as contas em dia para recuperar a credibilidade
do clube, há muitos anos taxado de caloteiro. E
nisso está cumprindo o que prometeu. Mas vai explicar
para aquele torcedor de arquibancada que num primeiro
momento o time de futebol teve que ficar em segundo plano?
Não era exatamente isso o que mais criticavam na
administração anterior?
A diferença é que antes fizeram
isto para priorizar a politicagem dentro do clube. E hoje
está sendo feito para salvar o Flamengo da falência,
acabando com penhoras e trazendo a possibilidade de novas
receitas em âmbito governamental. Em três
meses foram pagos R$ 40 milhões em dívidas
fiscais não parceláveis, para assim obter
as CND. Imaginem se essas dívidas não existissem
e o clube pudesse investir esse dinheiro em reforços?
Se Patrícia Amorim tivesse se reelegido, aposto
que a essa altura o Flamengo teria jogadores como Renato
Augusto, Robinho e Vagner Love, e estaria brigando diretamente
pelo seu 33º título carioca. Para a alegria
de muitos torcedores irresponsáveis e irracionais.
Dívidas? CND? Credibilidade? Que se dane! Para
esses torcedores o que importa é ter time forte
e ser campeão, custe o que custar.
Justamente por este pensamento ter imperado
na Gávea por décadas é que temos
hoje uma dívida que deve estar entre R$ 400 e 500
milhões. É muito bom ver que, independente
de erros ou acertos, enfim temos uma administração
responsável à frente do clube. Lógico
que como torcedor eu também quero ver o Flamengo
com um time bem melhor que o atual, sempre brigando por
títulos. Então este deve ser o próximo
passo da diretoria. Após fortalecer o Flamengo
fora de campo, chegou a hora de buscar novas receitas
para fortalecer o Flamengo dentro de campo também.
Prioridade na frente
O primeiro passo para o Flamengo voltar
a ter um time forte é reforçar o ataque.
Não podemos contar apenas com o limitado Hernane
como opção para fazer os gols. Chega a ser
comovente o esforço dele em campo, mas agora que
a boa fase passou isso não é mais suficiente.
Nos primeiros sete jogos de 2013, durante a ótima
campanha na 1ª fase da Taça Guanabara, o Brocador
marcou oito gols. Fazia gol até de canela com a
maior facilidade. Mas aí veio a eliminação
contra o Botafogo e a fraca campanha na Taça Rio,
e nos últimos oito jogos Hernane fez apenas 1 gol.
Agora a bola bate na canela dele e passa longe da meta
adversária. A sorte virou e a necessidade de ter
um centroavante melhor ficou muito mais evidente.
Por Daniel Marques,
editor-chefe do site Flamengo MTM