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Decepção

Não vou repetir tudo o que já disse em outras colunas só porque a minha previsão de que o Estadual já está perdido para o Flamengo está muito próxima de se confirmar. Tampouco vou procurar “desculpas” para defender a diretoria neste caso. Se alguém quer saber o que penso do time, do técnico e do trabalho da diretoria em relação à reestruturação que estão fazendo, clique em “Colunistas” no menu ao lado e veja minhas três colunas anteriores. Hoje farei sim minha primeira crítica mais pesada desde que a Chapa Azul assumiu o clube, mas será em relação ao fator que mais tem me decepcionado neste início de administração.

Na última semana foi lançado o programa de “sócio-torcedor” do Flamengo (sim, é entre aspas mesmo), no qual os responsáveis pelo marketing praticamente mendigaram a ajuda da torcida, pedindo que aderissem a um programa que praticamente não traz nenhuma vantagem ao torcedor, principalmente os de fora do Rio, apenas para ajudar financeiramente o clube. Uma cena patética, que eu nunca imaginei ver de nenhum integrante desta diretoria, principalmente do cara que todos diziam que seria a salvação do clube, pela sua suposta competência gigantesca na área de marketing.

Pois lançaram um sócio-torcedor que na prática nem poderia ser chamado desta forma, já que o rubro-negro que assinar um dos seis planos que variam entre R$ 39,90 e R$ 129,90 não tem direito a voto nas eleições do clube, tampouco pode frequentar o clube. Possui apenas descontos em produtos sem qualquer relação com o Flamengo e em ingressos. Sendo que esta segunda vantagem é praticamente inútil para quem não mora no Rio. Ou seja, não passa de um programa de relacionamento, já que na prática não cria qualquer vínculo associativo do torcedor com o clube em si. Além disso, os planos são caros para muita gente e bem inferiores aos dos programas de sócio-torcedor da maioria dos outros clubes do Brasil. Brilhante, não?

Se a intenção é apenas pedir dinheiro para a torcida, seria muito mais fácil e honesto abrir uma conta e deixar o torcedor depositar o que puder para ajudar o Flamengo. E não fazer um “falso” programa de sócio-torcedor para dar pompa a algo que na realidade não passa de um projeto de arrecadação junto à torcida. Quem apoiou a eleição dos caras (como eu apoiei) esperava muito mais, mas muito mais mesmo!

Eu entendo que o estatuto do clube não permite que seja feito um sócio-torcedor de verdade, com vantagens de verdade que permitam uma “fidelização” do torcedor, como acontece no Inter e no Grêmio, por exemplo. Mas para fazer tão mal feito como fizeram, de modo que após a empolgação inicial muita gente vai abandonar o programa (como aconteceu no Vasco), era melhor deixar para fazer depois, já com as mudanças necessárias no estatuto (mudanças estas que também foram promessa de campanha). Do jeito que está agora, é muito mais vantajoso para um rubro-negro “não carioca” se tornar sócio off-rio do que sócio-torcedor!

A verdade é que infelizmente o marketing do Flamengo continua muito mal administrado. É certo que na época da Patrícia ele simplesmente não existia, mas ser apenas menos pior do que isso é muito pouco. Principalmente para um clube que precisa tanto de novas receitas. Confesso que estou muito decepcionado com o trabalho de Bap e cia., está muito abaixo da enorme expectativa criada quando atual diretoria assumiu o clube. Como está muito no começo, ainda há tempo para se rever alguns conceitos e consertar os erros que estão cometendo. E não me refiro apenas ao “sócio-torcedor”, erram também ao “elitizar” o preço dos ingressos e por ainda não terem conseguido outros patrocínios além da Peugeot.

Talvez o momento para críticas seja inoportuno, pelo simples fato da turma do mal estar saindo das catacumbas para se aproveitar do momento de crise dentro de campo. Mas eu não poderia deixar passar essa patacoada que fizeram. Sigo apoiando e torcendo muito por esta diretoria, mas quando errarem eu não deixarei de criticar. Errado seria passar a mão na cabeça deles mesmo quando fizerem m... Criticar não é torcer contra, e sim uma forma de indicar o caminho correto quando o trem começa a sair dos trilhos.

Por Daniel Marques, editor-chefe do site Flamengo MTM


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