Defesa de campeão
Exaltar o poderio ofensivo de um time que
conta com Ronaldinho Gaúcho e Thiago Neves é,
como dizem os antigos, chover no molhado. Então
eu resolvi utilizar a coluna de hoje para exaltar o setor
que na realidade vem sendo o grande destaque do time do
Flamengo em 2011, e talvez o principal responsável
por este retrospecto de apenas uma derrota em quase oito
meses: o setor defensivo. Pois de que adianta ter um Ronaldinho
para decidir em um ou dois lances se o placar final terminar
2 a 1 ou 3 a 2 para o adversário?
Os números defensivos do Flamengo
em 2011 são espetaculares. Em 41 jogos oficiais
foram apenas 31 gols sofridos, média de 0,75 por
jogo, que equivale a três gols sofridos a cada quatro
jogos disputados. Mesmo com os muitas vezes criticados
Welinton e David na zaga, o Mengão teve a melhor
defesa do Campeonato Carioca, com 13 gols sofridos em
19 jogos. E nos últimos nove jogos o desempenho
foi ainda mais expressivo, com apenas cinco gols sofridos,
mas em só dois destes jogos. Ou seja, foram sete
jogos sem a defesa rubro-negra ser vazada.
Mas como explicar tamanha eficiência
mesmo sem ter zagueiros que inspirem total confiança
à torcida? Em primeiro lugar, acredito que a mudança
de postura dos laterais tenha alguma influência
neste bom desempenho. Se em anos anteriores nos acostumamos
a ver Léo Moura e Juan atuarem como autênticos
alas, praticamente sem nenhuma preocupação
defensiva, hoje a situação é bem
diferente. Léo Moura e Junior Cesar têm jogado
como laterais mesmo, que se revezam no apoio e voltam
para fechar a defesa. Tanto que neste ano o Léo
marcou apenas um gol, ao contrário de outros anos
em que quase sempre esteve entre os principais artilheiros
do time.
A presença de ótimos volantes
também não pode ser esquecida. Se no Estadual
e na Copa do Brasil tivemos em Maldonado e Willians uma
segurança enorme à frente da zaga, hoje
temos a dupla de “Pitbulls” formada por Aírton
e Willians, que tem sido até mais eficiente do
que a formação anterior com o chileno. Tanto
que o time segue sem sofrer gols nos jogos em que Aírton
esteve em campo em 2011, e Willians mais uma vez lidera
o ranking de roubadas de bola do Campeonato Brasileiro.
Mas como todo time começa por um
grande goleiro, deve-se elogiar também o ótimo
Felipe. Na maioria dos jogos ele nem é muito exigido,
mas nas poucas vezes em que a bola chega no nosso gol
ele está lá para fazer suas grandes defesas
e ajudar o time a sofrer poucos gols. Isso sem falar dos
pênaltis decisivos que defendeu no Campeonato Carioca,
fundamentais para o título invicto. E uma menção
honrosa também para o “interminável”
Ronaldo Angelim, que desde que voltou ao time titular
deu mais tranquilidade e segurança ao miolo de
zaga. Vale lembrar que ainda tem o Alex Silva para entrar
nesta defesa...
Por incrível que pareça, esse
bom desempenho defensivo me dá tanto otimismo para
a disputa do título brasileiro quanto à
presença de grandes jogadores no setor ofensivo.
Afinal com a defesa sofrendo poucos gols as chances de
vitória aumentam bastante, se levarmos em consideração
que dificilmente o Flamengo passará em branco no
placar com Ronaldinho e Thiago Neves em campo. A verdade
é que ambos se complementam: a defesa segura atrás
e os craques decidem na frente. É essa engrenagem
que coloca o Mengão cada vez mais no caminho do
Hepta.
Por Daniel Marques,
editor-chefe do site Flamengo MTM