Diferentes pontos de vista
Apesar da ótima estreia no Campeonato
Brasileiro, o assunto contratações continua
sendo a bola da vez no Flamengo. Nesta semana duas situações
chamaram mais a atenção neste contexto:
a contratação do lateral-esquerdo Junior
Cesar e a tentativa de um acerto com o atacante André,
ex-Santos, após a diretoria rubro-negra perceber
que a volta de Vagner Love não passa de um sonho
quase impossível. Ambos são bons jogadores,
que teriam grandes chances de suprir duas das maiores
carências do atual elenco rubro-negro.
Mas uma minoria chata de torcedores (alguns
até rivais) vem criticando a chegada desses dois
jogadores ao Flamengo. Em relação ao Junior
Cesar, lembram o fato dele no São Paulo ter sido
reserva de Juan, que no final do ano passado foi dispensado
pelo Mengão. E quanto ao André, afirmam
que ele só se destacou no Santos por ter atuado
ao lado de Ganso, Neymar e Robinho, e que o seu fracasso
no Dínamo Kiev e no Bordeaux é um prova
de que o jovem atacante não seria um bom reforço.
Dizem até que seria melhor apostar em Diego Maurício.
Já eu vejo a situação desses jogadores
sob um ponto de vista mais otimista.
O Junior Cesar foi reserva do Juan sim,
mas vale lembrar que o “Marrentinho” só
foi contratado pelo São Paulo porque o Junior estava
lesionado, e não havia outra boa opção
no elenco são-paulino para a lateral-esquerda.
E quando ele voltou a estar em condições
de jogar, o Juan já estava há alguns jogos
como titular, com maior ritmo de jogo e entrosamento com
o time. Por isso a opção do Carpegiani de
deixar o Junior Cesar na reserva. Caso ele não
houvesse se lesionado gravemente (ficou cinco meses sem
poder jogar) com certeza teria permanecido como titular
e o nosso ex-lateral sequer teria sido contratado.
Já em relação ao André,
o fato dele ter se destacado jogando ao lado de craques
como Ganso, Neymar e Robinho deve ser elogiado, afinal
o normal era ele ser apenas um coadjuvante dessas três
estrelas, e não foi isso que aconteceu. O garoto
marcou vários gols (muito mais do que o Robinho),
chamou a atenção e chegou até à
Seleção. Já o fato de ter fracassado
no futebol europeu ocorreu por ter saído do Brasil
precocemente, na hora errada. Com apenas 20 anos, só
jogou seis meses como titular do Santos e já aceitou
a primeira proposta que apareceu, de um centro fraco e
de difícil adaptação (Ucrânia).
E apenas seis meses depois já estava sendo repassado
ao Bordeaux, que vivia um momento ruim no Campeonato Francês.
Seu erro foi deixar o dinheiro falar mais alto do que
o melhor para a sua carreira.
Mas em uma coisa todos os torcedores, pessimistas
e otimistas, hão de concordar: toda contratação
tem algum risco de fracassar, independente da história
ou do currículo do jogador. No Flamengo mesmo há
um ótimo exemplo recente: o “ataque D2”.
Todos aprovaram a contratação de Deivid
e Diogo, achavam que eles seriam a solução
para o ataque rubro-negro. E ambos foram um fracasso total.
Mas é lógico que quando o jogador tem potencial
as chances de fracassar são bem menores. Então
eu aposto em Junior Cesar e André. Após
a chegada do lateral-esquerdo, agora resta torcer para
que o atacante também venha reforçar o Mengão.
Erro, erro maior e acerto
O Willians errou sim, e muito, ao acertar
aquela cotovelada desleal no Negueba. Merece ser punido
sim, com uma multa pesada e um pedido de desculpas não
apenas ao garoto, como ao grupo inteiro. Mas tirar ele
de um jogo complicado fora de casa seria um erro maior
ainda da diretoria e do Luxemburgo. Se o Flamengo estivesse
muito bem servido de volantes eu até relevaria,
mas como poderiam afastar o único jogador da posição
no elenco em condições de ser titular? Com
isso eles não estavam punindo apenas o Willians,
estavam punindo o próprio Flamengo e a sua torcida.
Sorte que a decisão foi revista e o maior ladrão
de bolas do Brasil vai jogar amanhã, caso contrário
facilitaria bastante a vida do Bahia.
Por Daniel Marques,
editor-chefe do site Flamengo MTM