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Síndrome de 2005

Mesmo sem fazer a sua parte, o Flamengo contou com a ajuda alheia e conseguiu escapar do rebaixamento com uma rodada de antecipação. Agora só nos resta neste campeonato buscar uma vaga na Sul-Americana, tentando subir ao menos uma posição na última rodada, e reforçar a torcida corintiana na disputa do título brasileiro, para não ter que passar a faixa para um dos maiores rivais. Definitivamente este não era o final de ano que a torcida rubro-negra esperava após o Hexa do ano passado... Então este já é o momento de iniciar o trabalho visando a reabilitação em 2011. Uma reformulação de elenco está por acontecer, mas eu temo que ela seja exagerada e só piore as coisas.

Temos dois exemplos recentes de como saber avaliar a qualidade de um time diante de um fracasso. Em 2008 o Flamengo caiu de maneira vexatória diante do América-MEX na Libertadores, e posteriormente fracassou no Brasileirão ao perder a vaga na Libertadores após chegar até a liderar o campeonato por 10 rodadas. Toda a torcida e a opinião pública clamavam por uma reformulação geral em 2009, diziam que o ciclo de Bruno, Léo Moura, Juan, Angelim, Fábio Luciano, Toró e Ibson estava encerrado. Mas a diretoria da época percebeu que aquela base, que tinha ganhado a Copa do Brasil 2006 e o Bi-Carioca 2007/2008, ainda poderia dar mais ao Flamengo, e todos foram mantidos. Resultado: com todos eles ou a maioria deles no time ganhamos o Tri-Carioca e o Campeonato Brasileiro.

Voltando mais ao passado temos o exemplo de 2004. Naquele ano o Flamengo montou um excelente time, que comandado pelos dribles de Felipe ganhou o título carioca e alcançou a final da Copa do Brasil. Tudo ia bem até o vexame na decisão contra o Santo André. Depois disso o time entrou em choque e demorou muito para se reencontrar, e o resultado foi a briga contra o rebaixamento até a última rodada. A diretoria da época, uma das piores da história do clube, resolveu que os “medalhões” do elenco não serviam mais, e que para 2005 era fundamental rejuvenescer o elenco, principalmente com jogadores da base. E com isso Júlio César, Rafael, Fabiano Eller, Roger, Ibson, Felipe e Jean deixaram a Gávea, e foi montado um time basicamente formado por garotos e reforços pouco conhecidos. Resultado: Fracasso no Carioca, na Copa do Brasil e uma milagrosa reação para escapar do rebaixamento no Brasileirão (mas só após a contratação de seis ou sete nomes de peso e da chegada de Joel Santana).

Por que eu dei esses dois exemplos? Porque um representa o certo e o outro o errado a ser feito no momento. E infelizmente tudo indica que o Flamengo de 2011 caminha pelo exemplo de 2005. Fala-se na saída de praticamente todos os principais jogadores do elenco, e o objetivo traçado por Luxemburgo e Luis Augusto Veloso (atual vice de futebol, aquele que já foi presidente em 93/94 e deu Djalminha, Marcelinho, Júnior Baiano e Paulo Nunes de graça para outros clubes) é rejuvenescer o elenco. E o que isso significa? Que provavelmente vão abusar de utilizar jogadores da base e contratar jogadores jovens e desconhecidos, taxando-os de “revelações”. Até a contratação do “velho” Forlán foi descartada por Luxa.

Está bem claro no meu ponto de vista que a diretoria está errada ao querer se livrar de Léo Moura, Ronaldo Angelim e Willians, assim como a torcida está errada ao pedir a cabeça de Marcelo Lomba e Deivid. Todos esses jogadores têm vaga no elenco de 2011, e as suas saídas só tendem a enfraquecer ainda mais o time. É lógico que mudanças tem que ser feitas, mas com sensatez e moderação. Não adianta nada fazer uma reformulação que deixe o grupo mais fraco. Se é para mudar, que seja para melhor. E não vejo como dispensar jogadores de qualidade comprovada pode ser bom para o Flamengo.

Jogadores fracos ou que não deram certo, como Jean, Rodrigo Alvim, Diogo e Val Baiano devem mesmo ser dispensados. E outros com história, mas que há anos não rendem, como Kléberson e Juan, realmente merecem seguir outro rumo longe da Gávea. Mas a “base boa” do elenco, com Léo Moura, David, Angelim, Maldonado, Willians, Renato e Deivid, deve permanecer e ser o alicerce principal para a montagem de um novo time vitorioso. E outros jogadores úteis, como Marcelo Lomba, Welinton, Fernando, Correa, Petkovic e Fierro, devem permanecer para serem boas opções de elenco. Isso é o correto, seguir um caminho parecido com o de 2009. E não repetir o erro de 2005.

De novo não, Luxa!

Para finalizar, vale lembrar o que o nosso atual técnico fez no Atlético-MG neste ano. Pegou um time que havia fracassado na temporada anterior, mandou 80% dos jogadores embora e contratou mais de 20 reforços. Resultado: até ganhou o medíocre Campeonato Mineiro (com o Cruzeiro focado na Libertadores), mas fracassou na Copa do Brasil, Sul-Americana e deixou o time à beira do rebaixamento (só se salvou agora graças a um brilhante trabalho de Dorival Jr.). Vai repetir a dose no Mengão, Vanderlei?

Por Daniel Marques, editor-chefe do site Flamengo MTM


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