A esperança morreu
Essa semana eu planejei uma coluna para
admitir meus próprios erros, ao apoiar a contratação
de Silas, ao achar que a dupla Deivid e Diogo seria a
salvação do ataque, entre outras situações
em que hoje a minha opinião se mostra equivocada.
Pode até ser coincidência, mas eu não
vou mais falar sobre nada disso justamente por causa da
consequência do maior erro que já foi cometido
na história do Clube de Regatas do Flamengo: derrubaram
o Zico. E fizeram isso da maneira mais ardilosa possível,
atacando a sua honra e a da sua família.
Oposição existe em qualquer
clube, ou mesmo em qualquer setor administrável.
E a sua função é mesmo se opor à
situação, afinal se a oposição
apoiar a situação deixa de ser oposição.
Caso a diretoria erre, os opositores têm o direito
de criticar. Se a diretoria fizer algo que vá contra
o clube, os opositores têm o direito de denunciar
e até tentar derruba-la. Mas o que fizeram com
o Zico no Flamengo passou totalmente dos limites. Inventaram
uma série de inverdades a seu respeito e sobre
os seus filhos, atacaram de todas as formas a sua administração,
como nunca foi feito anteriormente com nenhum outro dirigente.
Uma atitude desleal e desumana, sem levar em consideração
sequer a história do maior ídolo do clube.
Zico voltou ao Flamengo com a intenção
de unir forças para um futuro melhor para o clube.
Para leva-lo ao caminho da ética e do profissionalismo.
E realmente houve uma união, mas não a que
Zico e a torcida rubro-negra esperavam. Todos os vermes
que sempre se beneficiaram do Clube de Regatas do Flamengo
juntaram forças para derrubar o maior obstáculo
que já tiveram para seguir usurpando o clube: Zico.
E depois de tanto tentarem, tanto se esforçarem,
conseguiram o que queriam. E nem mesmo o respaldo necessário
da presidente e dos seus aliados o agora ex-diretor de
futebol teve. Por isso também cedeu e pediu para
sair.
Provavelmente não aguentou mais ver
que o Flamengo não é mais a sua casa. Que
o clube que lhe deu tudo e que ele ajudou ser um dos maiores
do mundo no passado não o permite mais ser bem-vindo.
E esse dia, 01 de outubro de 2010, marca o fim das esperanças
de ver o clube mais querido do Brasil voltar a ser o gigante
do passado. Se nem Júnior, em 2004, e Zico, em
2010, conseguiram levar o Flamengo para o rumo da ética,
da honestidade e do profissionalismo, quem conseguirá?
Num clube que não respeita sequer os seus maiores
ídolos, que os interesses escusos de uma maldita
minoria ficam acima do anseio de 35 milhões de
torcedores, como esperar algum progresso, algo de bom?
A última chance do Flamengo se estruturar
e se firmar novamente entre os maiores do Brasil acabou.
E sinceramente? A única solução boa
para acabar com esses vermes que estão há
quase 20 anos destruindo o Flamengo seria a torcida rubro-negra
invadir a Gávea e destituir à força
todos do cargo: presidente, vice-presidente, conselho
fiscal, financeiro, etc. Botar toda essa gente para fora
do clube, e escolher os torcedores mais gabaritados para
assumir a administração. Criar um novo estatuto
em que seja obrigatória a profissionalização
de todos os setores. Que expulse sumariamente qualquer
dirigente ou sócio que haja contra o Flamengo e
contra os ídolos que construíram a sua história.
Mas como isso provavelmente nunca acontecerá,
acredito que o caminho para a cura deste mal deva ser
o mais amargo: o Flamengo deve ser rebaixado. Mas não
apenas para a Série B, que hoje em dia é
financeiramente viável, e sim para a Série
C. Temos que ir para o fundo do poço para ressurgir
como grande clube. Afinal, com R$ 300 milhões em
dívidas, sem 90% das receitas atuais e sem prestígio
nenhum numa divisão inferior, de onde os sangues-sugas
vão tirar sangue para sugar? Isso pode até
parecer discurso de vascaíno, mas eu não
vejo outra maneira prática para salvar o Flamengo.
Pois se não houver uma mudança
drástica no clube, será sempre a mesma história:
vamos ganhar alguns títulos cariocas, um título
brasileiro a cada 20 anos, uma Copa do Brasil a cada 10
anos, sempre não irá muito longe nas raras
participações na Libertadores e os vexames
continuarão constantes, ano após ano. Ou
acontece uma revolução no Clube de Regatas
do Flamengo, seja pela intervenção da torcida
ou pelos rebaixamentos, ou teremos que nos contentar em
torcer para um clube apenas médio, que nunca conseguirá
ser grande como já foi no passado.
Por Daniel Marques, editor-chefe
do site Flamengo MTM