Amadorismo e inércia
Na última coluna eu elogiei a diretoria
pelas mudanças as quais ela se propôs a realizar.
Com todos os problemas que vinham acontecendo no futebol
rubro-negro essas mudanças eram mesmo necessárias.
Porém, desde as saídas do técnico
Andrade, do vice de futebol Marcos Braz e do diretor de
futebol Eduardo Manhães, o departamento de futebol
do Flamengo praticamente está parado. O que seria
um grande acerto na teoria, na prática está
sendo uma tremenda demonstração de amadorismo
da direção comandada pela presidente Patrícia
Amorim.
Pois ninguém deveria ter sido afastado
do seu cargo se não houvesse uma substituição
o mais imediata possível. E já se passou
uma semana e até agora não há um
novo vice-presidente de futebol, nem um diretor de futebol
profissional e muito menos um técnico definitivo.
No caso do comando do time dentro do campo, até
que a entrada de Rogério Lourenço pode acabar
sendo uma boa solução definitiva. A sua
chegada lembra muito a de Carlinhos e Andrade, que também
tinham identificação com o Flamengo e acabaram
conquistando títulos importantes como treinadores
do clube. Fica a torcida para que o Rogério dê
sequência a essa tradição de técnicos
formados em casa.
Mas no caso da direção fora
de campo, a situação acabou ficando muito
ruim. Após a saída de Marcos Braz, todas
as negociações para renovações
de contrato e contratações de jogadores
ficaram paradas, e com isso muitas situações
já praticamente resolvidas tendem a não
acontecer mais. A principal delas é a volta de
Zé Roberto ao clube, que já estava verbalmente
acertada. Como o Flamengo não se propôs mais
a acertar com o jogador, o Vasco acabou entrando forte
na disputa e deve contratar um excelente reforço
que já era quase nosso... Um consequência
lamentável da inércia que tomou conta da
alta cúpula rubro-negra no sentido de arrumar novos
nomes para administrar o futebol do clube.
Além de perder um jogador identificado
com o clube para o maior rival, o Flamengo também
deve deixar de acertar com outros reforços que
estavam em negociação com Braz, como Anderson
Polga, Corrêa, Jones Carioca e Kleber. E se continuarem
por muito mais tempo essas indefinições
sobre o comando do futebol, até mesmo o “Sheik”
Emerson, que praticamente está se oferecendo para
voltar ao Mengão, vai acabar se acertando com outro
clube brasileiro. No caso das renovações
de contrato, também podemos perder alguns jogadores
que encerram seus contratos no meio do ano, afinal eles
já podem assinar pré-contrato com outros
clubes.
Não me entendam mal. Eu não
estou criticando as demissões que ocorreram, principalmente
a de Marcos Braz. Eles tinham que sair, mas isso não
poderia deixar o futebol do Flamengo sem ninguém
para comanda-lo por tanto tempo. Essa situação
que se formou deixa a impressão de que realmente
essas saídas foram meramente políticas,
como a própria Patrícia Amorim justificou
aos jogadores. Não havia sequer um planejamento
para a formação de uma nova direção
no futebol, e muito menos para uma mudança de filosofia
de comando... E neste caso quem sai perdendo é
o próprio Flamengo! Acorda presidente!
O velho Adriano
Após vencer o primeiro round do duelo
com Ronaldo, era de se esperar que o Adriano resolvesse
trabalhar ainda mais para vencer também a batalha
seguinte no Pacaembu e carimbar seu passaporte para a
Copa do Mundo. Mas infelizmente parece que o Imperador
continua destruindo sua carreira por causa da sua conturbada
vida pessoal. Reatou o noivado com Joana Machado, faltou
ao treino de sábado e no mesmo dia foi visto na
praia junto com a noiva. E ainda justificou a falta com
um “problema grave” da mãe... E fez
isso justo no dia em que Jorginho resolveu visitar o Ninho
do Urubu.
Na época do “caso da Chatuba”,
eu escrevi uma coluna dizendo o seguinte: se o Adriano
não resolver seus problemas extracampo, verá
o seu sonho de disputar a Copa ir pelos ares. Acabará
saindo do clube em junho pela porta dos fundos, em baixa
com a torcida e “metralhado” pela imprensa.
E no futebol europeu só conseguirá fechar
com um clube pequeno, afinal nenhum grande vai investir
alto num “jogador-problema”. Infelizmente
tudo se encaminha para esse final trágico... E
a cada dia que passa o tempo fica mais curto para uma
volta por cima.
Por Daniel Marques, editor-chefe
do site Flamengo MTM