Primeiro grande erro
Infelizmente sou obrigado a escrever a primeira
coluna de 2010, um ano cheio de expectativas para a torcida
rubro-negra, lamentando o primeiro grande erro da administração
de Patrícia Amorim. Talvez na ânsia de acalmar
os ânimos da maior parte da torcida que, burramente,
apoiava a permanência de Delair Dumbrosck e seus
pares graças a um título brasileiro que
teve pouquíssima participação da
antiga diretoria, a nova presidente acabou mantendo Marcos
Braz na vice-presidência de futebol. E, até
o momento, ele tem sido o homem-forte do futebol do Flamengo,
manda e desmanda nas decisões sobre a formação
do elenco.
E Braz tem se mostrado, desde que assumiu
o cargo, um dos piores dirigentes da história do
Flamengo. Aparentemente ele se acha o melhor dirigente
do mundo, principalmente após o Hexa. Tem posições
firmes, apesar de muitas vezes contraditórias,
e não cede em momento algum. Parece achar que apenas
o seu ponto de vista está sempre correto... Muito
pelo contrário, sua postura como dirigente está
fazendo com que o Flamengo sempre fique com um elenco
cada vez mais fraco. E isso não é apenas
neste momento atual, em que os reforços não
chegam e só se vê jogadores indo embora.
Desde os seus primeiros atos como vice de futebol a incompetência
tem sempre imperado.
Sua primeira grande missão ao assumir
o cargo, em meados do ano passado, era conseguir um substituto
para o “Sheik” Emerson, que se transferira
para o futebol árabe. Pois após perder Vagner
Love para o Palmeiras e Edno para o Corinthians, em duas
novelas intermináveis, eis que Braz me surge com
a contratação de Gil, que há meses
não entrava em campo, com um contrato de risco.
Ou seja, só conseguiu contratar uma “sobra”
do mercado da bola. Resultado: apenas 15 minutos em campo
do atacante com a camisa do Flamengo, tempo suficiente
para perder um gol inacreditável ante o Botafogo.
Sua segunda missão logo após
chegar era acertar a renovação da revelação
Bruno Paulo. Pois ali surgia pela primeira vez o lado
prepotente e intransigente deste dirigente. Não
chegou a um acordo para a permanência do garoto,
e suas declarações na imprensa contra o
jogador foram tão ofensivas que seu empresário
declarou que até poderia voltar a negociar com
o Flamengo após as eleições presidenciais,
“mas só se o Marcos Braz deixasse o clube”.
Como ele ficou, Bruno Paulo deve acertar em breve com
Vasco ou Fluminense, e tem tudo para arrebentar em um
dos rivais.
Eu imaginava que estes eram dois casos isolados,
mas neste momento atual de renovações e
contratações a incompetência do dirigente
ficou ainda mais latente. A primeira situação
lamentável foi à renovação
de Andrade. Saibam que por muito pouco o técnico
campeão brasileiro não deixou o clube, mais
uma vez por causa de Marcos Braz. Se não fosse
a intervenção decisiva da Patrícia
Amorim no caso, atualmente estaríamos lamentando
o acerto de Rogério Lourenço como novo técnico
do Flamengo. Pois era essa a intenção de
Braz após o Tromba não aceitar exatamente
o aumento que o vice lhe ofereceu.
E não se surpreendam se Ronaldo Angelim
for anunciado em breve como novo reforço de Corinthians
ou Fluminense. Ele vive exatamente a mesma situação
do Andrade: pediu um aumento que a atual diretoria do
futebol não deve aceitar nem por decreto. Ele se
juntaria às perdas de Aírton e Zé
Roberto, que pelo desenrolar dos fatos dificilmente terão
uma reposição à altura. Fora o Everton,
que só espera a oficialização da
proposta do Tigres para zarpar rumo ao México.
Ou seja, já são dois titulares do time campeão
brasileiro que se foram, e mais outro titular e um reserva
importante que podem sair em breve.
O discurso de Braz é priorizar a
permanência e os pagamentos dos jogadores campeões.
Pois a partir do momento em que qualquer um deles não
permanecerem, tem que se contratar reforços para
os seus lugares, o que ainda nem passou perto de acontecer.
E, também segundo o dirigente, o Flamengo não
vai pagar nenhum centavo para contratar reforços,
e também não vai incluir nenhum jogador
do elenco em possíveis trocas. Então vai
contratar como, cara pálida? Será que ele
acha que o Flamengo é algum tipo de instituição
de caridade, onde os outros clubes vão nos doar
reforços de qualidade de graça?
E o curioso é que, bem no meio a
novela da contratação (frustrada) do Vagner
Love, o mesmo Marcos Braz chegou a afirmar que aceitaria
trocar jogadores com o Palmeiras para acertar com o “Artilheiro
do Amor”. E dias depois mudou totalmente o discurso,
afirmando que só vai negociar com o atacante se
ele conseguir se “liberar” do clube paulista.
E chegou a anunciar a contratação do meia
Marquinhos, que no dia seguinte assinaria contrato com
o Santos. Até o mediano Michael, que foi dado pelo
dirigente como quase acertado com o Flamengo, não
vai mais ser contratado porque o Dínamo Kiev não
é “caridoso” e não quer “doar”
o lateral de graça ao Mengão.
Daqui a pouco, com todos os jogadores de
qualidade acertados com outros clubes, a solução
do Sr. Marcos Braz será trazer “mais um Gil”.
Não será uma surpresa se o veterano Sávio
for anunciado em breve com um contrato de risco, isso
se o Avaí não chegar na frente... Espero
estar totalmente errado, e se estiver, farei no futuro
uma coluna me retratado de tudo o que afirmei nesta coluna
de hoje... Mas se esse Marcos Braz continuar dando as
cartas no futebol do Flamengo, seremos o time mais fraco
entre os brasileiros na Copa Libertadores 2010, praticamente
uma zebra em termos de chances de título.
Ainda há tempo da nossa presidente
consertar esse grande erro. Basta cumprir uma das suas
promessas de campanha e contratar um profissional remunerado
para gerir o futebol do Flamengo. Parece que ela até
tentou trazer o Brunoro, mas ele não aceitou. Então
que se corra atrás de outro profissional o mais
rápido possível! Caso contrário,
vai ser muito difícil nós rubro-negros de
coração termos um 2010 tão feliz
quanto o ano que já passou...
Por Daniel Marques, editor-chefe
do site Flamengo MTM