Novos tempos
Logo após a conquista do hexa, o
Flamengo teve mais uma vitória histórica,
desta vez fora de campo: a eleição de Patrícia
Amorim para presidir o clube nos próximos três
anos. Eu nem acho que ela seja o nome ideal para dirigir
o clube, mas sua vitória nas urnas representa a
quebra de um círculo vicioso das oligarquias políticas
no comando do clube: foram derrotados o candidato ligado
ao Kléber Leite (Plínio Serpa), o candidato
ligado ao Márcio Braga (Delair Dumbrosck) e o candidato
da turma ligada ao Edmundo Santos Silva (Clovis Sahione).
Apesar da Patrícia ter o apoio de alguns dirigentes
antigos do clube, ela está fora dos grupos que
afundaram o Flamengo em dívidas e falta de estrutura
e profissionalismo nos últimos 15 anos.
Logo após sua eleição,
percebi em outros sites do Flamengo que a sua rejeição
é enorme, e que a maioria dos torcedores eram favoráveis
à permanência de Delair Dumbrosck, especialmente
pelo título brasileiro. Vale lembrar a estas pessoas
que o hexa só veio por causa da união do
grupo e do trabalho competentíssimo do Andrade
no comando da equipe. Se fosse depender de outros fatores
importantes como estrutura e saúde financeira,
o título passaria longe da Gávea. E com
certeza passará longe nos próximos anos
se nada for feito para melhorar esses fatores. Só
mesmo um gigante como o Flamengo pode conquistar um título
deste porte com todos os problemas que tem. Mas isso foi
uma exceção, não será algo
costumeiro nos próximos anos caso a situação
não mude.
O trabalho da administração
Márcio/Delair nem foi tão ruim como o das
administrações anteriores. Ao menos a dívida
não cresceu tanto e o CT do Ninho do Urubu, mesmo
que precariamente, enfim saiu do papel. E dentro de campo
os títulos vieram. Mas a verdade é que o
clube pouco evoluiu no período: a Gávea
continua em estado lamentável, as dívidas
continuam a asfixiar o clube e o profissionalismo ainda
não chegou plenamente ao futebol rubro-negro. Apesar
das conquistas recentes, o Flamengo ainda não conseguiu
atingir um patamar de grandeza condizente com a sua história
e a sua tradição.
E esse será o grande desafio de Patrícia
Amorim à frente do clube. Primeiramente, tem que
fazer as mudanças necessárias no estatuto
para traze-lo aos tempos modernos, permitindo que uma
estrutura 100% profissional possa ser implantada no futebol.
O segundo passo é investir na parte estrutural:
fazer as reformas necessárias na Gávea,
terminar a construção do Ninho do Urubu
e investir na formação de jogadores nas
categorias de base. E por último, e não
menos importante, buscar meios de equacionar as dívidas
e paga-las de modo que isso não atrapalhe as finanças
do clube. São missões extremamente complicadas,
mas tenho certeza que boa vontade não vai faltar
nesta nova diretoria para buscar meios de cumprir esses
objetivos.
Só lamento muito toda a discriminação
que vi muitos rubro-negros ter em relação
à nova presidente. Nem tanto por ela ser mulher,
muito mais pelo fato de ser diretamente ligada aos esportes
olímpicos. Demonstram um temor estúpido
de que ela vá tirar recursos do futebol para priorizar
a ginástica, a natação, o basquete,
etc. Isso não existe... Presidente nenhum faria
algo do gênero. O que deve ser visto é o
lado positivo desta situação: temos agora
na presidência uma pessoa que viveu a vida inteira
dentro do Flamengo, que durante vários anos defendeu
as cores do clube como nadadora e por isso sabe muito
bem o que é ser Flamengo. É um sopro de
renovação que pode trazer ótimos
frutos para o Mengão.
Adriano!
Muito se especula sobre um possível
retorno de Adriano para o futebol europeu, até
mesmo para a mesma Itália que ele rejeitou há
cerca de oito meses atrás. Eu sinceramente não
acredito que ele vá querer trocar toda a felicidade
que conquistou no Rio de Janeiro e no Flamengo pelos milhões
de Euros de um clube da Europa. Seria a atitude mais incoerente
de um jogador de futebol nos últimos anos. Pior
até do que a sacanagem que o Ronaldo fez com o
Mengão. Podem ter certeza que em breve será
a anunciada a permanência do Imperador, ao menos
até a Copa do Mundo.
Por Daniel Marques, editor-chefe
do site Flamengo MTM