Sem time, sem técnico, sem comando
Sem time, sem técnico, sem comando.
Essa é a melhor definição para “isto”
que um dia se chamou Flamengo. Pois esse fracasso ambulante
não pode ser o grande clube que eu aprendi a amar.
Na verdade, com certeza não é. Só
pode ser um espectro, uma sombra maligna, algo que tomou
a forma do nosso Rubro-Negro e entra em campo só
com o objetivo de fazerem felizes todos os escrotos que
vivem de se regozijar a cada derrota do Flamengo. Ou desse
“troço” que assumiu a forma de Flamengo.
Pois diante do Avaí chegamos ao ápice
da mediocridade, ao cúmulo do vexame, ao máximo
da decadência... O que seu viu em campo vestindo
o uniforme vermelho e preto foi um bando, um amontoado
de jogadores que não chegam nem ao nível
de medíocres. Uma desorganização
tática poucas vezes vista em uma partida de futebol.
Tivesse o Avaí feito uma grande partida, estaria
aqui nesta coluna comentando a maior goleada sofrida na
história do Flamengo em Campeonatos Brasileiros.
Mas não, o time catarinense jogou apenas um pouquinho,
bem pouquinho, mas o suficiente para derrotar com facilidade
“isto” que finge ser o Flamengo. Jogou quando
quis, fez os gols quando quis. Parecia um time profissional
enfrentando um combinado de peladeiros da Venezuela.
Para se tentar terminar este Campeonato
Brasileiro com um mínimo de dignidade, o primeiro
passo é a diretoria literalmente cair na real.
Admitir que errou terrivelmente ao achar que Andrade tinha
capacidade para comandar um time de futebol profissional,
e parar de uma vez por todas de contar aquela piada para
vascaíno rir: “O Flamengo ainda vai brigar
por vaga no G-4 e, quem sabe, pelo título”.
O objetivo neste momento é fazer 46 pontos o mais
rápido possível, para afastar qualquer possibilidade
de rebaixamento. Pois essa é a realidade atual
do Flamengo neste Brasileirão: brigar para não
cair. Pensar em qualquer coisa acima disso é querer
se iludir, ou tentar enganar a torcida.
Demitir o Andrade, ou ao menos “rebaixa-lo”
novamente para auxiliar, é o primeiro passo fundamental
a ser tomado. Por mais que os vários desfalques
atrapalhem, é nítida a incapacidade do Tromba
em organizar um time em campo. Será que é
tão difícil assim chegar para cada jogador
e dizer: “Welinton, você pega o centroavante
do Avaí; Angelim, você faz marcação
individual no segundo atacante; Rômulo, você
fica na sobra; Everton e Everton Silva, vocês avançam
ao ataque alternadamente; Lenon e Willians, vocês
dão o primeiro combate aos meias do Avaí,
e fazem a cobertura dos laterais quando eles subirem ao
ataque”. Isso é o mínimo que se espera
de um técnico profissional! E não aquela
bagunça inaceitável na Ressacada, com os
jogadores totalmente perdidos, sem saber ao certo quais
eram as suas funções em campo!
O segundo passo é contratar um técnico
experiente, de preferência que conheça bem
o Flamengo. Das opções no mercado, está
bem claro quem é “o cara” para assumir
o time rubro-negro neste momento: Paulo César Carpegiani.
Inclusive especula-se que a diretoria pensa mesmo em contrata-lo
e recolocar o Andrade de auxiliar. Seria o primeiro acerto
da dupla Delair Dumbrosck/Marcos Braz no comando do Flamengo...
Antes tarde do que nunca!
Mas apenas a mudança de treinador
não vai resolver totalmente os problemas. A falta
de elenco não permite que o Flamengo tenha em campo
um time forte. Neste momento de muitos desfalques, se
vê obrigado a escalar vários jogadores sem
o mínimo preparo para atuar entre os profissionais.
Alguns deles demonstram não ter condições
de jogar até mesmo pelo time de juniores... São
fracos fisicamente, limitados tecnicamente e sequer conseguem
jogar com raça. Todos deveriam voltar urgentemente
para o time júnior e treinar muito, mas muito mesmo,
para quem sabe um dia atingir o nível necessário
para atuar no time de cima.
O ideal seria contratar no mínimo
quatro ou cinco reforços, para aumentar a quantidade
de opções no elenco e evitar que esse garotos
sem preparo algum tenham que ser escalados constantemente.
E é bom que essas contratações aconteçam
logo, para evitar que o Flamengo entre na zona de rebaixamento.
Pois chegar lá é muito fácil, mas
para sair... Fluminense e Botafogo que o digam!
Acabo sendo redundante ao afirmar o quanto
é desolador ver o Flamengo ficar mais um ano na
fila e ainda por cima voltar a brigar para não
cair. Mas é este o sentimento que toda a nação
rubro-negra compartilha neste momento. Como pode um clube
tão vitorioso, com tanta tradição,
com tantos corações apaixonados chegar a
este ponto? A resposta está intimamente ligada
a nomes como Edmundo Santos Silva, Leonardo Ribeiro, Kléber
Leite, Plínio Serpa Pinto, Eduardo Uram, Arthur
Rocha, Márcio Braga, Delair Dumbrosck e outros
que sequer dão a cara à tapa e ficam só
nos bastidores. Esses são os pais biológicos
disso aí que um dia foi o Flamengo. E que só
com uma mudança drástica de comando voltará
a ser Flamengo um dia.
Por Daniel Marques, editor-chefe
do site Flamengo MTM