Técnico do Murici gosta
de aprontar para cima dos grandes
A Copa do Brasil tem a democracia como essência.
Nenhuma outra competição no país é
capaz de dar a clubes de diferentes divisões a oportunidade
de disputar um lugar na Libertadores da América.
Faz tempo que as zebras deixaram de ser novidade. Pequenos
derrubando gigantes? Algumas vezes. Entre as mais recentes,
a final de 2004, quando o Santo André superou o Flamengo,
no Maracanã. Na edição seguinte, o
Fluminense acabou surpreendido pelo Paulista de Jundiaí
e também foi vice.
Nesta quarta-feira, o Rubro-Negro estreia
contra o modesto Murici, em Maceió, às 22h
(de Brasília, 21h no horário local). A partida
será realizada no estádio Rei Pelé.
Atual campeão alagoano, o clube faz boa campanha
na corrida pelo bi. É o vice-líder, com 19
pontos, mesmo número do Corinthians-AL. A diferença
está no saldo de gols.
Há dois meses, o time, que carrega
o mesmo nome da cidade, é comandado por Gilmar Batista.
Aos 40 anos, ele é técnico há quatro.
Defendeu um bocado de clubes como jogador. Foram pelo menos
20, inclusive nos Estados Unidos. Por lá, passou
três temporadas.
- Era meia, destro. Sou de Araraquara, no
interior de São Paulo. Joguei por São Caetano,
Santo André, Ponte Preta, Ceará, Figueirense.
Mas comecei na Ferroviária. Esse time do Murici,
campeão alagoano, seria mantido, disputaria a Série
D e seria reforçado. Como não jogou a Série
D (por conta da enchente que arrasou a cidade, em junho
do ano passado), ficou com a base de 2010. Se tivéssemos
jogado a Quarta Divisão, estaríamos em melhores
condições. Mas podemos trazer essa questão
da enchente para motivar o time.
As equipes de Gilmar estão acostumadas
a aprontar contra os grandes. As façanhas são
contadas com orgulho.
- Em 2008, fomos eliminados pelo Vasco nas
quartas de final da Copa do Brasil. Mas na fase anterior
havíamos superado o Atlético-PR, na Arena
da Baixada. Em 2009, com o CSA-AL, eliminei o Santos nas
oitavas, na Vila Belmiro, e depois paramos no Coritiba.
O Santos era comandado por Vagner Macini e tinha Neymar,
Ganso, Kleber Pereira. Serão 90 minutos para irmos
ao Rio enfrentar o Flamengo. A ideia é levar a decisão
para o segundo jogo e buscar a classificação.
O Flamengo tem sete vitórias seguidas no Carioca,
vive um bom momento, mas vamos honrar as nossas cores.
O técnico vai usar tudo isso na preleção.
Para ir à capital carioca, o Murici não pode
perder por dois ou mais gols de diferença. Se conseguir,
vai enfrentar o Fla no Engenhão, dia 24.
- É complicado. Vai ser um jogo fora
do comum. Em Alagoas, a torcida do Flamengo é muito
grande. Seremos visitantes dentro de casa. Mas somos uma
equipe entrosada, veloz com a posse de bola. Só precisamos
marcar melhor.
Sem marcação especial
sobre Ronaldinho
Apesar do respeito pelo camisa 10, Gilmar
Batista descarta escalar um jogador para seguir o craque
de perto.
- Se fosse para marcar individualmente, estaria
perdido. Teria de marcar o Thiago Neves, o Léo Moura,
jogadores importantes do Flamengo. Vamos marcar por setor.
O treinador tem vivido uma situação
inusitada no clube. Isso porque o presidente do Murici,
Geraldo Amorim, é rubro-negro declarado. Tem coleção
de camisas, carteira de sócio e um carro personalizado
com as cores do clube da Gávea.
- Não há como negar que isso
preocupa e atrapalha um pouco. Mas ele diz que vai torcer
pelo Murici (risos).
Gilmar quer que seus jogadores encarem Ronaldinho
Gaúcho apenas como mais um adversário, apesar
de reconhecer que o duelo com o astro mexe com todos do
time.
- Antes do jogo, vão olhar para o Ronaldinho
e admirar. Mas vou passar para eles que é um jogador
normal.
Fonte: Globo
Esporte