Peso do treinador: Cristóvão
revê Fla pelo Flu
O Fluminense ataca pela esquerda. Zezé
retém a bola. Cristóvão, ao perceber
espaço na intermediária do Flamengo, avança
no irregular gramado do Maracanã. Recebe. Para em
frente a Manguito. Ginga. De um lado a outro. Passa pelo
marcador e, com um lindo chute, acerta o ângulo esquerdo
de Cantarelli. Golaço. Sai comemorando, para a menor
parte dos 100 mil pagantes, erguendo os braços. A
vitória de 3 a 0, em 13 de outubro de 1979, pelo
Carioca, foi a primeira vez dele, como jogador, contra o
maior rival.
Esta é a loucura da época de
jogador.
Trinta e quatro anos depois, Cristóvão
virou Cristóvão Borges, assim mesmo, com nome
e sobrenome, a maneira de se referir a treinador. Comanda
o Fluminense e se prepara para o primeiro confronto contra
o Flamengo, domingo, no mesmo Maracanã, agora com
um tapete reformado para a Copa do Mundo, a estreia em clássicos
como chefe tricolor. É detalhista. Exigente. Ofensivo.
E sabe que a partida das 16h de domingo pode pautar a caminhada
no campeonato.
Esta é o peso de ser o treinador.
As duas passagens ajudam a entender a importância
do clássico. No passado, no presente. Após
a derrota para o Vitória, a primeira em cinco jogos,
busca recuperação. E relembrar o que aconteceu
como jogador pode ser inspirador.
- Recebi a bola e parei na frente do marcador.
Fiz que ia a um lado, fui ao outro. O chute saiu com precisão,
um dos gols mais bonitos da minha carreira. Saí correndo
feito louco para comemorar. Senti a força da torcida
do Fluminense - relembra Cristóvão.
Aquele gol ajudou a construir uma passagem
vitoriosa, que se iniciara no clássico, com 100 jogos
e um estadual conquistado. Não foi à toa que
o gol foi relembrado na apresentação do ex-meia
como treinador. Mas os tempos são outros. Cristóvão,
agora, comanda. E precisa de recuperação,
afinal, o último tropeço fez o time cair do
primeiro ao quinto lugar do Brasileirão.
- É o jogo de maior peso (como treinador),
sim. O Fla-Flu é clássico estadual, de rivalidade
muito grande. Independentemente do momento, seria. Todos
querem melhorar as suas campanhas. Há muita coisa
que aumenta o peso. Estamos tranquilos e prontos. Uma vitória
confirma o que tem sido feito, especialmente da maneira
que for construída. Perdemos a última partida
e isso não deixou nenhuma dúvida sobre o que
estamos fazendo. Estamos jogando bem, de forma interessante,
e estamos no caminho certo. Estou satisfeito. A não
ser que seja um jogo em que a gente não se encontre,
que fiquemos desorganizados. Aí, é preocupante
- analisa.
Será assim, portanto, que o Flu enfrentará
o rival. E Cristóvão sabe o que pode acontecer
após um Fla-Flu...
Fonte: Globo
Esporte