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Império do mal

Confesso que pensei em fazer a coluna de hoje num tom pesado de críticas à postura da diretoria rubro-negra em relação às regalias autorizadas e escancaradas publicamente a apenas dois jogadores do elenco. Esse até é mais um erro da administração Marcos Braz que mereceria um destaque, mas neste caso específico da semana passada o enfoque correto deve ser em cima da postura de Adriano. Do seu comportamento na vida profissional e principalmente na pessoal, que mais uma vez o está levando para um caminho que pode destruir a sua carreira, como já havia ocorrido pouco antes dele acertar com o Flamengo.

Antes de mais nada, vale lembrar o porquê do Imperador de Milão ter se transformado no Imperador da Gávea. Já com problemas pessoais que o incomodavam profundamente, Adriano desapareceu, após fazer parte do grupo da seleção para dois amistosos no Brasil. Só foi reaparecer alguns dias depois, na casa da sua família na Vila Cruzeiro. E para surpresa geral acabou convocando uma entrevista coletiva para anunciar o fim da sua carreira de jogador de futebol. As justificativas para esse ato enérgico foram o estresse na sua vida em Milão e a necessidade de estar no Rio de Janeiro perto da família e dos amigos.

Mas era óbvio que não seria necessário abandonar a profissão que ele tanto ama para alcançar a felicidade perdida. E foi aí que surgiu a possibilidade de jogar no Flamengo, e viver a situação ideal para retomar sua carreira como um dos grandes jogadores do futebol mundial: jogar no seu clube de coração, na cidade onde nasceu, ficando o tempo inteiro junto da família e dos amigos... Era unir o útil ao agradável! E foi assim que o Imperador se tornou a estrela maior da constelação rubro-negra que nos levou ao tão sonhado hexacampeonato brasileiro. E graças aos seus gols e grandes atuações, o próprio Adriano foi premiado com o retorno à seleção brasileira, ficando bem próximo da oportunidade de disputar sua segunda Copa do Mundo.

Mas parece que se abateu uma espécie de “síndrome do título brasileiro” sobre as maiores estrelas da conquista (vide Pet e Angelim), e com Adriano não foi diferente. O fato de ter faltado a todas as premiações relacionadas ao Campeonato Brasileiro, para ficar na “farra” em sua comunidade, já era um “indício” do que viria pela frente. As faltas a treinos, algo que já havia acontecido algumas vezes em 2009, se tornaram cada vez mais constantes neste início de ano. E com aquela autorização pública do Sr. Marcos Braz para os privilégios de Adriano, a situação só poderia piorar mesmo. O Imperador só participou de 50% dos treinos do Flamengo em 2010, e nunca recebeu sequer uma advertência... Afinal ele está liberado pelo seu superior para fazer o que bem entende, assim como o Vagner Love.

Mas e o Artilheiro do Amor, como lidou com essa “liberdade”? Com muito trabalho, dedicação e gols. Nunca faltou a um treino, nunca ficou de fora de jogo por “problemas pessoais”, enfim, é um exemplo de profissional. Um exemplo que deveria ser seguido pelo Imperador. É muito difícil para qualquer um ficar julgando o comportamento pessoal de um indivíduo, ainda mais sem o conhecer pessoalmente. Mas para mim está bem claro que novamente o Adriano não está seguindo o melhor caminho em sua vida particular. Está cercado das pessoas erradas, que o estão levando novamente para o mesmo “buraco” em que estava logo após abandonar a Inter de Milão.

Não querendo ser leviano, mas se a versão do “barraco da Joana” que saiu na imprensa for mesmo verdade, como é que fica a moral do Adriano com os outros jogadores que tiveram seus carros danificados pela sua “noiva”? Como fica a cabeça do técnico Dunga ao ver um dos nomes que já tinha como certo na sua lista da Copa do Mundo se envolver em uma situação tão reprovável? E nós, rubro-negros, que contamos com seus gols para chegar ao título da Libertadores, como ficaremos se ele seguir sem treinar e sem jogar na maior parte do semestre?

É uma situação extremamente delicada, mas que deve ser resolvida com urgência. Afinal ninguém sairá ganhando se esses problemas persistirem. O Flamengo não terá seu principal jogador em vários momentos, e o próprio Adriano verá o seu sonho de disputar a Copa ir pelos ares. Acabará saindo do clube em junho pela porta dos fundos, em baixa com a torcida e “metralhado” pela imprensa. E no futebol europeu só conseguirá fechar com um clube pequeno, afinal nenhum grande vai investir alto num “jogador-problema”. Será que é isso que Adriano, seus “amigos” e sua “noiva” querem para a carreira dele? Que o Império do Amor em breve se transforme num Império do mal?

Por Daniel Marques, editor-chefe do site Flamengo MTM


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