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Sonho de uma vida

Era uma vez um garoto a ponto de completar sete anos de idade, que com um pai vascaíno ausente e um avô rubro-negro fanático, acabou adquirindo desde cedo uma certa admiração pelo manto sagrado. A essa altura da vida, o garoto nem estava lá muito preocupado com futebol, praticamente só torcia pelo Flamengo para ter uma resposta na ponta da língua para a pergunta: “Qual é o seu time?”. Nem sabia direito o que era “impedimento” ou “arremesso lateral”. Suas grandes paixões eram brincar de carrinho, com seus “Comandos em Ação” e jogar aqueles joguinhos infantis com a sua mãe.

Mas no dia 19 de julho de 1992 o moleque teve a sua primeira lembrança marcante em relação ao Flamengo e ao futebol. Era dia de decisão do Campeonato Brasileiro, e pela televisão ele assistiu o golaço de Júnior, de falta, e depois o de Júlio César “Imperador”, seguidos de vários gritos de “Mengo” e fogos de artifício estourando à sua volta. Já comemorava o título quando o Botafogo fez seu o primeiro gol e depois o gol de empate. Aí o garoto se preocupou. Mal sabia ele que, aquela altura do jogo, era impossível a taça escapar do Flamengo após a vitória por 3 a 0 no jogo de ida. Pura inocência infantil, que o levou a ficar com o coração na boca até o apito final do árbitro.

Depois disso foi só festa. A gritaria e o foguetório foram tomando conta de todo o quarteirão à volta do seu apartamento, e no fim das contas o moleque nem chegou a ver o “Vovô Garoto” erguer a taça do pentacampeonato brasileiro, pois não parava de pular, gritar e comemorar o seu primeiro título como torcedor do Flamengo. Depois desse dia sua paixão pelo futebol e pelo Mengão não pararam de crescer. Já em 1992 colecionou seu primeiro álbum de futebol (do Calcio 1992/1993), e em 1993 teve seu primeiro álbum do Campeonato Brasileiro.

Com o passar dos anos, o garoto foi crescendo. Virou um pré-adolescente, depois adolescente, chegou à idade adulta, e durante esta transição de vida pode acompanhar a história do futebol se desenrolar ao longo da década de 90 e da década atual. Ainda garoto viu o Brasil ser Tetracampeão com um show do baixinho Romário. Literalmente chorou na cama, que é lugar quente, após o gol de barriga do Renato Gaúcho, e se roeu de raiva com os erros de arbitragem do Márcio Resende que deram o título brasileiro ao Botafogo. Em 1996 presenciou seu primeiro título estadual, invicto, com a melhor dupla de ataque que viu jogar pelo Flamengo: Sávio e Romário.

Já entrando na adolescência, foi obrigado presenciar o melhor momento da história do Vasco, com títulos nacionais (1997 e 2000) e internacionais (Libertadores 1998 e Mercosul 2000). Aliviou-se com as derrotas vascaínas em duas decisões de mundiais, e também pode ver um falido e desacreditado Flamengo superar o supertime vascaíno em três finais seguidas de estaduais. Comemorou como nunca o golaço de falta do Pet e o seu primeiro tri-carioca, e dois anos antes viu o forte Palmeiras, campeão da Libertadores, sucumbir diante da garotada rubro-negra na final da Copa Mercosul, e comemorou seu primeiro título sul-americano.

Bem próximo de entrar na fase adulta, viu o Brasil surpreender o Mundo e levar o Penta para casa. Depois sofreu durante anos com ameaças de rebaixamento e vexames históricos do Flamengo. Mas no meio dessa tormenta, ainda viu Felipe entortar os zagueiros como Garrincha fazia e levar o Mengão a mais um título carioca. Já adulto e profundo conhecedor do futebol, pode curtir o título da Copa do Brasil sobre o eterno freguês Vasco da Gama, e o seu segundo tri-carioca nas mãos do goleirão Bruno.

Mas diante desta história de vida intimamente ligada ao Flamengo e ao futebol, faltava um algo mais. Mesmo depois de uma trajetória de tantas conquistas e fracassos, depois de ter passado por todas as emoções que um torcedor de futebol poderia passar, o agora rapaz nunca se esqueceu daquele dia. O dia em que, no meio da sua infância, nascia sua paixão pelo Mengão. O dia que ele sonhou por toda a sua vida reviver novamente. E que passou novamente pela sua mente, como se fosse ontem, no momento em que Héber Roberto Lopes apitou o fim do jogo. Depois de 17 anos de espera, o grito entalado na garganta enfim pode ser gritado com toda a força: HEXACAMPEÃO!!!

Sobre o jogo

A atuação do Flamengo foi, no geral, ruim. Os principais jogadores rubro-negros não estavam no seu melhor dia: o Bruno ficou no meio do caminho no gol do Grêmio e depois soltou uma bola no 2º tempo que quase acabou em mais um gol, Léo Moura e Juan nem de longe lembraram os laterais decisivos de conquistas anteriores, o Petkovic não tinha acertado nada até fazer o cruzamento do gol do título, o Zé Roberto não viu a cor da bola e o Adriano desperdiçou várias oportunidades de gol que normalmente não perderia. Mas isso não tem a menor importância!

O que interessa mesmo é que os zagueiros coadjuvantes decidiram o jogo, e a campanha ao longo do campeonato teve várias atuações espetaculares que engrandecem o hexa, como contra São Paulo, Atlético-MG, Palmeiras e Náutico. E nos pontos corridos o importante é chegar no final com mais pontos que todos os outros clubes. É um campeonato sem final, o que faz a diferença é a campanha como um todo, e nesse ponto o Flamengo foi disparado o melhor. Não é à toa que teve oito indicados para o prêmio “Craque do Brasileirão”, um recorde desde que este foi criado. Um título que coroa a história de superação de vários personagens rubro-negros, como Andrade, Adriano, Zé Roberto, Petkovic e Ronaldo Angelim.

Confiram tudo sobre o hexacampeonato do Mengão no mega-especial que será publicado no site Flamengo MTM nas próximas horas. Lá você poderá conferir todas as informações possíveis sobre o título: trajetória, histórico, estatísticas, destaques, ficha dos campeões e muito mais. Até lá, podem comemorar que o hexa é nosso!!!

Por Daniel Marques, editor-chefe do site Flamengo MTM


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